Olha Ele! Reforço milionário e herói tricolor, Tilico fala do ápice em 91
São Paulo e Bragantino se encontram às 18h30 deste sábado, no Estádio do Morumbi, sem gerar grande empolgação com o Campeonato Paulista. Mas se a lembrança for pelo encontro de 1991 e a final do Campeonato Brasileiro, a chance de haver empolgação para os são-paulinos é bem maior. Mário Tilico, então, certamente será lembrado.
Contratado por uma quantia altíssima para os padrões dos anos 80 junto ao Náutico (140 milhões de cruzados), Tilico deveria substituir Müller. Embora a tarefa fosse inglória, o velocíssimo Mário Tilico conseguiu corresponder, de certa forma, às expectativas. Em especial nos momentos importantes. Mais especialmente ainda, na final daquele Brasileiro contra o Bragantino. Tilico marcou o único gol das finais em gol chorado, de rebote, e também marcou a própria vida. Já havia brilhado no Paulista de 89, brilhou pelo Cruzeiro, na Supercopa da Libertadores, mas a final da Série A foi um ápice.
O camisa 16 daquele dia, nesse momento, é auxiliar técnico de Flávio Campos no Lajeadense, uma das surpresas do Campeonato Gaúcho. Flertou com uma carreira de empresário, também tentou algumas passagens como treinador, mas viveu os melhores momentos com Flávio, ex-volante que foi um dos heróis do Juventude na conquista da Copa do Brasil e que jogou, com Tilico, no São Paulo.
Nesta entrevista ao Terra, o herói são-paulino recorda os melhores momentos da carreira, especialmente aqueles que viveu no Morumbi. Embora, ele ressalte, também viveu alegrias em outros clubes. Saiba mais de Tilico abaixo e confira a entrevista na íntegra:
Terra - O que você tem feito nesses quase 12 anos longe dos gramados?
Mário Tilico - Trabalho como treinador de futebol. Mais recentemente trabalhei no CSA Alagoas, no Ríver do Piauí, e esse ano recebi convite para trabalhar junto com o Flávio (Campos). Jogamos juntos no São Paulo. Ele é meu compadre e temos uma boa afinidade. Ele me convidou para ser assistente técnico e estamos na primeira divisão do Campeonato Gaúcho.
Terra - Como tem sido o trabalho pelo Lajeadense?
Tilico - Fazemos hoje uma boa campanha. Na classificação geral, o Lajeadense é o líder do campeonato (somou mais pontos). No segundo turno que começou agora, perdemos para o Grêmio e vencemos na última partida.
Terra - Você está feliz como auxiliar técnico no Rio Grande do Sul? Como tem sido a experiência?
Tilico - No início de carreira eu já trabalhei como assistente técnico do Flávio. Ele começou antes de mim a treinar e foi até meu treinador no Juventude. Depois disso, tive convite dele como assistente. Tivemos passagens por aqui no Campeonato Gaúcho, no XV de Campo Bom, no Esportivo e até com o Juventude na Série A 2007. Por termos afinidade, por sermos compadres, e por ele ser treinador e eu também, isso se concilia. Mas só assim, com uma afinidade muito boa.
Terra - Ao se lembrar sobre o gol contra o Bragantino em 1991, o que passa pela cabeça? Foi o gol do título Brasileiro.
Tilico - É sempre muito bom para qualquer atleta profissional ser lembrado. O jogador sempre tenta deixar uma história dentro do clube. Claro que, quando vêm essas lembranças, é muito bom. É uma satisfação muito grande, uma alegria grande. Eu passei pelo São Paulo e não foi em vão, deixei história, e isso é uma alegria muito grande. Passar por um clube e marcar é muita satisfação. Tenho isso vivo comigo até hoje.
Terra - Também houve um gol espírita marcante contra o Bragantino, em 1989, pela semifinal do Campeonato Paulista. Como foi?
Tilico - Esse gol ficou marcado no Paulista de 89. Foi uma jogada que aconteceu em velocidade, o campo não era muito bom por lá. Perto do escanteio, a bola desviou e, para ser sincero, a ideia era colocar para a área, para quem vinha entrando. Era difícil de fazer um gol dali. Consegui ajeitar o corpo e peguei com consciência, com curva, mas para o cruzamento (risos). Fui bem feliz e o gol ajudou para o título.
Terra - Você era predestinado, afinal após a semifinal também fez gol de título contra o São José pelo Paulista. Mesmo sem ser um craque de Seleção, você teve grandes momentos. Como é isso?
Tilico - Eu sempre coloco que não fui craque. Até tive algumas oportunidades na Seleção, mas havia uma grande quantidade de jogadores bons. Era difícil ir para a Seleção. Eu me qualificava como um jogador eficiente, porque sabia das minhas deficiências, virtudes e procurava explorar o que tinha de melhor. A minha velocidade, a forma de bater na bola...consegui compensar com as virtudes que tinha.
Terra - Vamos voltar ao gol de 91. É o maior momento da sua carreira?
Tilico - Foi muito importante para iniciar a caminhada para os outros títulos que o São Paulo conquistou. É claro que poderia conquistar no outro ano, mas aquele gol levou o São Paulo para a Libertadores e, com grandes jogadores, conquistou o que conquistou. Mas marquei mais gols importantes também.
Terra - O gol do título da Supercopa da Libertadores pelo Cruzeiro? Foi logo depois do gol do Brasileiro de 91.
Tilico - Esse foi muito importante. Esse jogo tem a minha marca, a própria imprensa de lá me liga para falar sempre. Também fiz gols importantes no Náutico (anterior à ida ao São Paulo, em 91), no CSA de Alagoas (em 1986). Também marquei história no Cádiz, da Espanha, em 92. Era uma equipe que só lutava para não cair e ia ser rebaixada. Cheguei em janeiro, fiz 11 gols em 13 jogos e o time se salvou. Isso me marcou muito. Eu sei que, até hoje, se lembra disso por lá.