Clube guarda lembranças de Pelé e Garrincha em Teresópolis
O Teresópolis FC, clube centenário da cidade serrana do Rio, vai disputar a Terceira Divisão do Estado, a partir de julho. Até aí nada demais. O que chama a atenção no trabalho da equipe é o modo como seus dirigentes tentam motivar o grupo. Ressaltam para os jovens jogadores que ali, naquele acanhado estádio, numa área central de Teresópolis, Pelé e Garrincha treinaram com a Seleção brasileira antes da Copa de 1966.
Era o período final de preparação para aquele Mundial e a CBF (então CBD) ainda não havia construído o seu centro de treinamento na cidade - o que só se concretizaria nos anos 80.
Os treinos com a dupla de craques e outros remanescentes do bicampeonato mundial (1958/1962) chegavam a contar com mais de dez mil torcedores. O clube cobrava ingressos populares e revertia parte do dinheiro da bilheteria para melhorias no estádio. Arquibancadas móveis foram trazidas do carnaval do Rio, na Avenida Presidente Vargas, e instaladas a tempo de receber a Seleção.
Num morro ao, lado, uma multidão se aglomerava para ver de graça os dribles de Garrincha e Pelé. Hoje, uma placa na entrada do clube lembra a visita da Seleção ao estádio. A arquibancada de cimento tem capacidade para 400 pessoas, e ainda está intacta a tribuna de imprensa utilizada para a cobertura daqueles eventos de 1966, ano em que o Brasil dececpcionou na Copa da Inglaterra.
"A gente preserva o gramado desde 1966. Nunca foi mudado. E os nossos jogadores se impressionam quando contamos a história da passagem de Pelé e Garrincha por aqui", diz Kaio Eduardo Ribeiro, vice-presidente do clube.
Para ele, muito pouca gente sabe dessa particularidade do clube. "Há vídeos recuperados por historiadores da cidade que mostram Garrincha dando seus dribles com aquele gingado no nosso campo, para delírio da torcida. Foi o momento mais importante da nossa história. "
O Teresópolis só se profissionalizou nos anos 80. Jamais ganhou um título carioca, em nenhuma divisão. Antes, quando amador, abrigou alguns torneios. Um deles, em 1933, determinou a mudança da cor de seu uniforme, até então azul e branco. Naquele ano, disputou o Troféu Cidade de Teresópolis com o Fluminense num único jogo, na cidade. Perdeu por 5 a 1.
Na volta ao Rio, a equipe do Fluminense se envolveu num acidente ferroviário e um de seus jogadores, o zagueiro Py, morreu. Para homenagear a vítima e o coirmão, o Teresópolis passou então a adotar as cores do uniforme do Tricolor - grená, verde e branco.