De Luciano Huck a 7 a 1: lembre lambanças do Brasil na Copa
A Seleção Brasileira começou a preparação para a Copa do Mundo de 2014 recheada de expectativa. Embalada com o título da Copa das Confederações conquistado com autoridade no ano anterior, o Brasil assumiu desde antes do Mundial um favoritismo até certo ponto exacerbado. A preparação nacional teve oba-oba e globais, mas o fim todo mundo conhece: humilhante derrota por 7 a 1 para a Alemanha e decepcionante revés por 3 a 0 para Holanda.
Parreira e a “mão na taça”
A primeira coletiva da Seleção Brasileira na Granja Comary já iniciou de forma errada. Com soberba, o coordenador técnico Carlos Alberto Parreira assumiu um favoritismo enorme para o time nacional na Copa do Mundo de 2014. As declarações do treinador, que colocou o título como se fosse uma obrigação para o Brasil em território nacional, aumentou a pressão sobre os jogadores. Parreira chegou até a falar que a Seleção já estava com “uma mão na taça”.
Luciano Huck, Mumuzinho... Globais aumentam “oba-oba”
O motivo dado por Parreira para dizer que o Brasil estava com a mão na taça era que o “fora de campo” estava controlado. O coordenador citou exemplos da seleção de 54, com invasão de políticos e familiares dos jogadores nos vestiários, para dizer que desta vez não haveria problemas neste sentido. Não foi bem assim.
A preparação brasileira foi recheada de regalias para a Globo. Após a “prisão” armada por Dunga quatro anos antes na África do Sul, até com embates com a emissora carioca, a Seleção foi mais receptiva aos profissionais jornalísticos do canal. Exclusivamente do canal. Houve até excessos com a participações em programas como ‘Caldeirão do Huck’ e ‘Esquenta’.
Durante a preparação brasileira, Luciano Huck, acompanhado de um cadeirante e seus dois filhos, gravou uma matéria dentro da Granja Comary. O cantor Mumuzinho, participante do ‘Esquenta’, de Regina Casé, foi outro que teve acesso privilegiado ao local para cantar e animar os jogadores em reportagens exibidas no programa.
Sofrimento contra Sérvia em amistoso pré-Mundial
Um sinal de alerta foi ligado logo antes da Copa do Mundo com o sofrido amistoso conta a Sérvia, que sequer se classificou para a Copa do Mundo de 2014. No Morumbi, a Seleção bateu a Sérvia por 1 a 0, com gol solitário de Fred no segundo tempo. O Brasil finalizou pouco e correu vários riscos no confronto, em amistoso marcado pela comissão técnica para ensaiar a equipe contra a semelhante Croácia, em estreia dias depois. A Seleção ouviu vaias no Morumbi.
Estreia com virada após pênalti “mandraque”
Assim como o amistoso contra a Sérvia, a aguardada estreia do Brasil na Copa do Mundo teve mais sofrimento do que o imaginado. A Seleção de Felipão saiu atrás com gol de Marcelo contra logo aos 10min do primeiro tempo e quase não criava até empate em lance isolado de Neymar. A virada só sairia aos 25min do segundo tempo, em pênalti cavado por Fred. Oscar fechou a conta na Arena Corinthians apenas nos acréscimos.
Sofrimento com México e único a levar gol de Camarões
A inconsistência do Brasil seguiu no jogo seguinte. No Castelão, recebeu o México, que sofreu para se classificar para a Copa, e ficou apenas no empate por 0 a 0 – ainda assim, graças a boas defesas do goleiro mexicano Ochoa. Na sequência, teve uma vitória mais convincente, por 4 a 1 sobre Camarões. No entanto, o gol sofrido foi o único marcado em todo torneio pela seleção africana, que sequer pode contar com o astro Samuel Eto’o no jogo e que vivia crise interna com questões sobre pagamentos em discussão. O gol camaronês saiu em falha defensiva brasileira e passou a ligar um alerta sobre a elogiada zaga.
Entrevista fake de Felipão vira prenúncio
Um dos fatos que mais chamou a atenção durante a preparação do Brasil para a Copa do Mundo foi uma gafe jornalística: um colunista da Folha de S.Paulo supostamente entrevistou Felipão em um avião, mas, na realidade, era o sósia do treinador que deu a entrevista. O artigo chegou a ser publicado e nele o Felipão fake criticou a defesa do Brasil, então um dos setores mais elogiados. No fim, foi um prenúncio do que viria a acontecer nos últimos dois jogos do Mundial.
Trave abençoada, Júlio César e choro de Thiago Silva
O Brasil continuou aos trancos e barrancos na sequência da Copa. Nas oitavas de final, pegou o organizado Chile de Jorge Sampaoli e ficou perto de ser eliminado com o 1 a 1 no tempo normal em atuação apática. Apenas não foi por causa de uma bola no travessão chutada pelo atacante Pinilla no último minuto da prorrogação e por defesas salvadoras de Júlio César na disputa das penalidades. Pouco antes das cobranças, o zagueiro Thiago Silva chorou copiosamente e viu sua faixa de capitão ser questionada pela população. Paulinho teve que assumir o papel de líder e impulsionar os jogadores para as penalidades.
Neymar fora da Copa
Uma das melhores partidas do Brasil na Copa foi as quartas de final contra a sensação Colômbia, que havia eliminado nas oitavas o Uruguai. A vitória por 2 a 1 veio com sustos e pressão adversária apenas no fim da partida. No entanto, no mesmo dia houve o maior baque da Seleção na Copa: a lesão na vértebra de Neymar, após uma dura entrada do lateral Zuñiga, que tirou a grande estrela do Brasil do restante do Mundial de 2014.
Humilhação histórica para a Alemanha
Sem Neymar, lesionado, e Thiago Silva, suspenso, o Brasil partiu para enfrentar a Alemanha com Bernard entre os titulares. A ousadia de Felipão não funcionou. Em campo, a Seleção pentacampeã do mundo foi atropelada pela Alemanha, que marcou cinco gols no primeiro tempo, sendo que quatro no espaço de seis minutos. O 7 a 1 do fim do jogo foi até pouco, muito graças aos germânicos, que, até um pouco envergonhados da humilhação imposta aos donos da casa, tiraram o pé na etapa final. Fim do sonho do hexa para o Brasil.
Apagão? Sério?
Em entrevista após a maior goleada sofrida na história da Seleção Brasileira, tanto Felipão quanto Parreira atribuíram a culpa da derrota simplesmente a um “apagão” de seis minutos do Brasil, no espaço que saiu quatro gols da Alemanha no primeiro tempo. A superioridade tática, técnica e psicológica alemã não foram levas em conta. Nem a imprensa nem os torcedores engoliram a desculpa dada pela comissão técnica.
Holanda aumenta desastre da Seleção de Felipão
Em clima de melancolia, mas ainda apoiada pela torcida que cantou o hino à capela mesmo após o vexame anterior, a Seleção Brasileira se despediu da Copa do Mundo na disputa pelo terceiro lugar, em Brasília. Foi mais um desastre dos comandados de Felipão, que nem conseguiram sair do torneio com dignidade. O Brasil foi completamente dominado pela Holanda e foi derrotado por fáceis 3 a 0.