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Mauro Silva vê Brasil de 94 pouco "brilhante", mas com garra

3 jun 2014 - 12h40
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A Seleção Brasileira de 1994 encerrou o jejum de 24 anos sem títulos de Copa do Mundo com uma campanha sólida. Nos sete jogos do Mundial dos Estados Unidos, foram 11 gols marcados e apenas três sofridos. Um dos pilares do competitivo time montado por Carlos Alberto Parreira era o volante Mauro Silva, que era responsável pela marcação em frente à área e por iniciar a saída da bola para o meio de campo.

Mauro Silva foi titular da Seleção Brasileira em todos os jogos da Copa de 1994
Mauro Silva foi titular da Seleção Brasileira em todos os jogos da Copa de 1994
Foto: Getty Images

Mauro Silva foi titular da Seleção Brasileira em todos os jogos da Copa de 1994 (Foto: Getty Images)

Titular em todas as partidas, o jogador conhece bem a campanha brasileira em 1994. Vinte anos separam a conquista do tetracampeonato e o presente, e o ex-meio-campista contou em entrevista ao Terra algumas lembranças do torneio.

<p>"A garra e a paixão, são valores importantes. Nós tínhamos isso e fico satisfeito de ter colaborado", diz Mauro Silva</p>
"A garra e a paixão, são valores importantes. Nós tínhamos isso e fico satisfeito de ter colaborado", diz Mauro Silva
Foto: Getty Images

Para Mauro Silva, a Seleção não era um time fantástico plasticamente, mas que compensava este aspecto com garra e vontade. "Muita gente fala que não foi brilhante, até concordo com isso, mas foi uma Seleção prática para vencer uma Copa muito difícil", diz o ex-volante.

Confira a seguir na íntegra a entrevista com Mauro Silva:

Terra - Quais as memórias que vêm à sua cabeça 20 anos depois do tetra?

Mauro Silva - Continuo orgulhoso dessa conquista porque era um momento difícil do Brasil. Vinte e quatro anos sem ganhar a Copa, perdemos um ídolo como o (Ayrton) Senna, início do plano Real. Era um momento totalmente diferente do que vivemos hoje. Volto no tempo, fico satisfeito com o que esse grupo fez e pela forma que foi feito. Tivemos garra, união, determinação, valores importantes para nossa sociedade. Muita gente fala que não foi brilhante, até concordo com isso, mas foi uma Seleção prática para vencer uma Copa muito difícil.

Terra - Vocês apanharam muito nas Eliminatórias, na preparação. De que forma isso moldou aquela Seleção?

Mauro Silva -

O sofrimento une as pessoas. Isso acabou unindo muito o grupo, consolidou um grupo que deixou interesses individuais de lado e privilegiou a conquista. Entramos em campo sempre de mão dada. O Raí foi o capitão, foi substituído e continuou um líder fora do time. Isso tudo é sinal de que o grupo tinha um compromisso com a conquista. O Bebeto voltando para ajudar a defesa, abrindo mão de ser protagonista e dividindo isso com o Romário. A gente esqueceu os interesses de cada um e só pensou em ganhar a Copa do Mundo.

Terra - Qual foi o momento ali dentro da Copa em que vocês se olharam e pensaram que realmente poderiam ser campeões?

Mauro Silva -

Acho que a vitória contra a Holanda, da forma como foi, as dificuldades que aconteceram por começar ganhando de 2 a 0 de uma seleção grande que também sempre complica para o Brasil nas Copas. Dali saímos com a convicção de que poderíamos ganhar a Copa do Mundo.

Terra - Você era o grande marcador daquela equipe. Isso te faz sentir orgulhoso por ser um símbolo de um time que brigava por todas as bolas e dava poucas chances ao adversário?

Mauro Silva -

A garra e a paixão, são valores importantes. Nós tínhamos isso e fico satisfeito de ter colaborado. Se pensar, nós jogamos uma Copa com uma defesa inédita porque Ricardo Rocha e Ricardo Gomes se machucaram, e Aldair e Márcio Santos fizeram uma grande Copa. No início, porém, existia uma preocupação grande dessa defesa estar bem protegida. Acabou dando certo e me sinto bem por ter colaborado.

Terra - Foi difícil segurar o Romário quieto por tanto tempo? Ele era fundamental para o time.

Mauro Silva -

Isso é difícil (risos). O Baixinho é especial, ninguém quer que ele se comporte igual todo mundo. Realmente o que aconteceu é que não teve escândalo, foi tranquilo. Ele ajudou muito dentro de campo, é o que a gente esperava dele. E fora de campo também não fiquei sabendo de nada que tenha acontecido que chama a atenção.

Terra - O Dunga era quem tinha a incumbência de controlar o Romário?

Mauro Silva -

Era o companheiro de quarto do Romário, fazia a marcação forte (risos). O Romário ajudou muito, foi muito divertido, e o Dunga como companheiro estava sempre junto. O Baixinho foi determinante para a conquista. 

Fonte: Terra
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