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Nike e CBF: Investigação aponta lavagem de R$ 97 milhões

Inquérito na Espanha tem como suspeitos Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF, e Sandro Rosell, ex-representante da empresa no Brasil

29 mai 2018 - 10h54
(atualizado às 11h08)
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Autoridades espanholas suspeitam que Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF, e Sandro Rosell, ex-representante da Nike no Brasil e ex-presidente do Barcelona, estiveram envolvidos em um esquema de lavagem de dinheiro relacionado com os contratos entre a Seleção Brasileira e a empresa americana, que passou a patrocinar o time da CBF.

O caso foi conduzido pela Unidade de Delinquência Econômica e Fiscal, que concluiu que comissões ilegais avaliadas em US$ 26 milhões (R$ 97 milhões) foram pagas a Rosell por ter mediado o contrato entre a CBF e a Nike. Do valor total recebido pelo ex-dirigente catalão, hoje preso, Teixeira teria ficado com US$ 5 milhões (R$ 18,7 milhões).

Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF, teria ficado com R$ 18,7 milhões do valor total envolvido na lavagem de dinheiro
Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF, teria ficado com R$ 18,7 milhões do valor total envolvido na lavagem de dinheiro
Foto: Nacho Doce / Reuters

Segundo o jornal espanhol El Confidencial, o contrato que gerou a propina seria de 6 de novembro de 2008 e estaria em vigor até 2011. O fim do acordo coincide, segundo a publicação, com a entrada de Rosell na presidência do Barcelona e sua necessidade de se desfazer de contratos anteriores que pudessem representar um conflito de interesse.

Para receber o pagamento, Rosell teria usado a empresa Ailanto Marketing, criada no Brasil e alvo de investigações por parte das autoridades Brasileiras.

Diante da juíza espanhola Carmen Lamela, Rosell explicou na segunda-feira que o envio de US$ 5 milhões (R$18,7 milhões) a Teixeira era uma forma de anular um empréstimo que o brasileiro lhe teria feito.

Ex-presidente do Barcelona, Sandro Rosell disse na Justiça espanhola que repassou R$ 18,7 milhões para Teixeira
Ex-presidente do Barcelona, Sandro Rosell disse na Justiça espanhola que repassou R$ 18,7 milhões para Teixeira
Foto: Albert Gea / Reuters

Mas os investigadores suspeitam que Teixeira tenha usado Rosell como instrumento para lavagem de dinheiro. Um indício disso era que os recursos passaram por vários paraísos fiscais e diversas contas de empresas offshore. Na avaliação dos investigadores, isso seria um sinal de houve uma tentativa de impedir que o percurso do dinheiro fosse facilmente identificado.

Nos EUA, o FBI avalia a Nike por suspeitas de suborno em relação ao Brasil e o contrato avaliado em US$ 160 milhões (R$ 600 milhões ) com a Seleção Brasileira. Ricardo Teixeira é suspeito de ter dividido com o empresário José Hawilla uma propina de US$ 30 milhões (R$ 120 milhões) por terem fechado um acordo com a empresa americana em 1996, dando a ela exclusividade para explorar a Seleção.

Nos documentos oficiais do próprio Departamento de Justiça dos EUA, a CBF havia fechado um acordo milionário com a empresa americana que previa um pagamento extra em uma conta na Suíça de US$ 40 milhões (R$ 150 milhões) para a Traffic. Depois de fechar o acordo com a Nike, entre 1996 e 1999 Hawilla emitiria notas por serviços supostamente prestados no valor de US$ 30 milhões (R$ 120 milhões) para a Nike que, em troca, o fazia os depósitos.

Para a Justiça americana, esse valor se refere a "propinas e subornos" que o chefe da CBF e o empresário brasileiro receberam da empresa. Numa nota à imprensa a Nike indicou que está "comprometida em cooperar com qualquer investigação governamental relacionada com a Fifa".

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Estadão
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