O que esperar da Seleção Brasileira com Ramon Menezes? Conheça o estilo de jogo do treinador
Técnico interino tem como principal marca do seu trabalho as variações no ataque
O jogo entre Brasil e Marrocos marca o início de um novo ciclo de trabalho na Seleção Brasileira. Enquanto a CBF não define o futuro treinador da equipe, Ramon Menezes, treinador da categoria sub-20, ficará responsável por comandar o time principal no amistoso deste sábado às 19 horas (hora de Brasília).
Com apenas 50 anos de idade, Ramon é um dos representantes da nova geração de treinadores brasileiros, que busca espaço no mercado com a aplicação de novas ideias em suas equipes. A seguir, o LANCE! explica quais os principais padrões observados na Seleção Brasileira Sub-20 comandada por Ramon, e faz uma projeção de como a Seleção principal pode se comportar na partida diante do Marrocos.
VARIAÇÕES SÃO A MARCA DO ATAQUE
Durante a disputa do torneio Sul-Americano Sub-20, o sistema base utilizado por Ramon foi o 4-3-3. No entanto, o desenho da equipe varia a todo instante, dependendo de como o adversário se comporta e do momento do jogo. Na construção das jogadas, por exemplo, podemos encontrar dois padrões.
No primeiro, enquanto os jogadores mais avançados se posicionam, os laterais abrem bem o campo e se alinham com o primeiro volante da equipe para iniciar o ataque. É o momento que chamamos de "primeira fase de construção". A intenção é tocar a bola para atrair o marcador e liberar as costas da defesa adversária. É uma maneira de pegar a defesa adversária desprevenida sem esperar que meias e atacantes da Seleção se posicionem corretamente.
O segundo padrão, por sua vez, ocorre quando o ataque brasileiro já está postado e o adversário também não cede espaços - esse momento é chamado de "segunda fase de construção". Para sobrecarregar os defensores do outro time, a equipe de Ramon costuma fazer uma saída com três jogadores (um lateral e os dois zagueiros) e apenas um volante como auxílio, liberando assim os demais jogadores para jogar mais próximos do gol. Neste momento, a Seleção adota um ataque mais posicional, com jogadores ocupando regiões pré-determinadas do campo enquanto a bola circula.
Em qualquer um dos padrões, a Seleção de Ramon abusa das tabelas para vencer os marcadores, principalmente pelos lados do campo, por onde surgem as principais jogadas do ataque. Outra "rota" de ataque muito utilizada é o passe direto dos zagueiros para os meia-atacantes que se posicionam atrás dos volantes do adversário. No entanto, a equipe sub-20 errou muitos desses passes ao longo da competição, não se configurando como uma opção ofensiva segura.
NA DEFESA, PRESSIONAR É A CHAVE
No momento defensivo, a prioridade é sempre manter a bola pressionada, não importando a escolha por marcar a saída de bola do adversário ou por posicionar as linhas defensivas na entrada da área. O desenho utilizado é o 4-4-2 em linhas.
Quando a Seleção Sub-20 pressionava a saída dos adversários, o atacante mais próximo da bola orientava a jogada para o lado do campo, enquanto o outro atacante fechava o meio. Quando a bola chegava no pé do lateral adversário, todo o time subia para tentar recuperar a posse. Esse momento é o que chamamos de "gatilho de pressão", ou seja, o sinal de que o time todo deve intensificar a marcação para roubar a bola.
Esse "gatilho" é uma forma de manter a defesa organizada no momento de pressionar. No torneio sub-20, não foram raros os momentos em que os meio-campistas da Seleção deram botes errados e deixaram a defesa exposta.
COMO DEVE JOGAR A SELEÇÃO PRINCIPAL
O provável time titular de Ramon no amistoso diante do Marrocos tem Ederson, Emerson Royal, Militão, Ibañez e Alex Telles; Casemiro, Andrey e Lucas Paquetá; Rodrygo, Vinícius Júnior e Vitor Roque.
Com essa escalação, caso Ramon mantenha as ideias que aplica no time de base, Emerson deve ganhar liberdade para subir, enquanto Alex Telles deve ficar mais preso na construção das jogadas. Casemiro deve fazer o papel tradicional de primeiro volante, com Andrey ganhando liberdade para se juntar a Paquetá.
Ao lado dos dois meio-campistas deve aparecer Rodrygo, por dentro, nas costas do volante adversário, enquanto Emerson Royal ocupa a ponta direita. Vinícius Júnior, provavelmente jogará aberto pelo lado esquerdo, explorando toda a sua habilidade, e Vitor Roque será o centroavante da equipe, responsável por receber passes diretos dos zagueiros e fazer a parede para o trio de meias.
Enquanto a CBF não define o novo treinador da Seleção, a bola está com Ramon. Os boatos sobre a chegada de Carlo Ancelotti a partir do meio do ano são cada vez mais fortes. A ver como o interino aproveitará essa oportunidade de comandar a equipe.