Seleção 100 jogos: Maracanaço, Sarriá e outras 8 derrotas
A Seleção Brasileira completa nesta segunda-feira 100 jogos em Copas do Mundo. Foram cinco conquistas (1958, 1962, 1970, 1994 e 2002) e uma série de craques que dominaram o planeta no último século e no início do atual, como Pelé, Garrincha, Didi, Gerson, Tostão, Rivellino, Jairzinho, Romário, Bebeto, Rivaldo, Ronaldo, entre outros.
No entanto, o Brasil não teve apenas alegrias em Mundiais. Houve derrotas doloridas e traumáticas. Como parte do especial dos 100 jogos, o Terra relembra abaixo partidas que ficaram marcadas pelo lado negativo; confira:
16/6/1938 – Itália 2 x 1 Brasil (semifinal) – Estádio Velodrome (Marselha/FRA)
Liderada por Lêonidas da Silva, o popular Diamante Negro, o Brasil chegava à França pela primeira vez com um time forte, após brigas políticas levarem equipes praticamente amadoras para os dois primeiros Mundiais.
Depois de eliminar a Polônia por 6 a 5 (na prorrogação) em um jogo histórico e depois precisar de dois jogos para superar os checoslovacos, a equipe chegou à semifinal contra a Itália, atual campeã, mas perdeu por 2 a 1 em um jogo triste para os brasileiros, pois jogou sem o craque Leônidas, artilheiro do torneio e que não se recuperou da lesão dos jogos das quartas de final. Os gols italianos foram marcados por Gino Colaussi e Giuseppe Meazza, e a Seleção diminuiu com Romeu. A Itália seria campeã em seguida ao bater os húngaros por 3 a 1 na final.
16/7/1950 – Uruguai 2 x 1 Brasil (final) – Estádio do Maracanã (Rio de Janeiro/BRA)
Talvez o maior trauma brasileiro em uma Copa do Mundo. No quadrangular decisivo, o Brasil liderava com quatro pontos após atropelar suecos (7 a 1) e espanhóis (6 a 1), e jogava pelo empate contra os uruguaios na decisão.
Depois de sair na frente no início da segunda etapa com Friaça, o Brasil, que ainda jogava de branco, levou a virada com Schiaffino e Ghiggia, tornando famoso o Maracanaço. Duzentas mil pessoas estavam no Maracanã e saíram frustradas com oportunidade desperdiçada de a Seleção ser campeã pela primeira vez.
19/7/1966 – Portugal 3 x 1 Brasil (1ª fase) – Goodison Park (Liverpool/ING)
Com um planejamento atrapalhado, a Seleção Brasileira (bicampeão em 1958 e 62) chegou a treinar antes do Mundial de 1966 com mais de 40 jogadores. Em campo, o Brasil foi um fracasso e perdeu para a Hungria por 3 a 1, sem os lesionados Pelé e Garrincha.
O Rei do Futebol voltou no último jogo da primeira fase diante de Portugal para tentar evitar uma eliminação precoce, mas saiu carregado de campo após apanhar dos defensores lusitanos e viu o rival Eusébio brilhar ao marcar dois gols na vitória dos ex-colonizadores por 3 a 1. Foi a única vez que Pelé saiu de um Mundial sem o Troféu Jules Rimet.
3/7/1974 – Holanda 2 x 0 Brasil (2ª fase) – Westfalenstadion (Dortmund/ALE)
Sem Pelé, a Seleção tricampeã depositava as suas chances no Mundial no novo camisa 10, Roberto Rivellino, e no ponta Jairzinho, mas já sem repetir as mesmas atuações que o apelidaram no Furacão do México, em 1970.
No quadrangular semifinal, o Brasil chegou à última rodada precisando vencer a Holanda, de Johan Cruyff, apelidada de Laranja Mecânica pelo carrossel dos jogadores sem posição fixa e por bater com facilidade os tradicionais Uruguai (2 a 0) e Argentina (4 a 0) ao longo do torneio.
No duelo em Dortmund, a Seleção de Zagallo passou por um dos maiores vexames da sua história. Os verde-amarelos ficaram zonzos no carrossel holandês e perderam por 2 a 0, gols de Johan Neeskens e Cruyff, mas poderia ter sido muito mais.
5/7/1982 – Itália 3 x 2 Brasil (2ª fase) – Estádio Sarriá (Barcelona/ESP)
Apontada ao lado de Hungria (1954) e Holanda (1974) como uma das melhores seleções da história, mesmo sem ter vencido o Mundial, a equipe de Telê Santana falhou na “decisão antecipada” diante dos italianos na “tragédia do Sarriá”.
Talvez a última Seleção do Brasil a ter a maior parte craques dos grandes times jogando no País: Zico e Júnior (Flamengo), Sócrates (Corinthians), Serginho (São Paulo), Éder Aleixo (Atlético-MG), o Brasil estava empolgado após massacrar a Argentina, de Diego Maradona, no jogo anterior.
Mesmo jogando pelo empate, o Brasil manteve o seu estilo ofensivo, mas cometeu muitos erros na defesa e foi presa fácil para o carrasco Paolo Rossi marcar três gols e fazer o País chorar e provocar um drama que lembrou em parte a Copa de 1950.
21/6/1986 – Brasil 1 (3) x (4) 1 França (Quartas de final) – Estádio Jalisco (Guadalajara/MEX)
O duelo ficou marcado pelo encontro entre Zico e Michel Platini. Com uma equipe envelhecida e sem o brilho de 1982, os brasileiros saíram na frente em um golaço de Careca, mas levaram o empate logo depois com Platini – foi a única vez que a meta de Carlos foi vazada.
O Brasil teve a chance de vencer no tempo regulamentar, após Branco sofrer pênalti. Zico, que entrava apenas na segunda etapa dos jogos por causa de uma lesão no joelho, teve a incumbência da cobrança, porém bateu mal e consagrou o arqueiro Joel Bats.
Com o empate na prorrogação, a decisão foi para os pênaltis – pela primeira vez na história da equipe verde-amarela. Zico, dessa vez, acertou a sua cobrança e Platini, por sua vez, errou. No entanto, Sócrates e Júlio César também desperdiçaram e o Brasil foi eliminado.
24/6/1990 – Brasil 0 x 1 Argentina (Oitavas de final) – Estádio Delle Alpi (Turim/ITA)
Em uma das piores Copas do Mundo da história, o Brasil também foi um dos colaboradores. Com um esquema 3-5-2 do criticado Sebastião Lazaroni, a Seleção chegou invicta às oitavas de final, mas sem empolgar ao vencer por placares magros. A Argentina, por sua vez, perdeu na estreia para Camarões e ficou apenas em terceiro lugar do seu grupo, embora contasse com o talento de Diego Maradona, campeão em 1986.
No duelo em Turim, o Brasil fez a sua melhor partida e perdeu inúmeras oportunidades de gols. Aos 36 min do segundo tempo, porém, Maradona, mais redondo do que quatro atrás, escapou da marcação brasileira e deixou Claudio Caniggia, livre, driblar Taffarel e marcar o gol da eliminação brasileira.
12/7/1998 – Brasil 0 x 3 França (Final) – Saint Denis (Paris/FRA)
Em jogo marcado até hoje pela “teoria da conspiração” por parte da população, o Brasil chegou à decisão como favorito ao bater a Holanda na semifinal nos pênaltis, apesar de o jogo decisivo ser contra os donos da casa.
Ronaldo, maior nome do futebol mundial, não teve o seu nome divulgado na escalação prévia divulgada pela Fifa – havia sido substituído por Edmundo. Depois de uma reviravolta, o camisa 9 apareceu em campo na entrada das duas equipes ao gramado, mas com a fisionomia abatida. Antes do jogo, o craque teve uma convulsão e foi levado a uma clínica, mas foi liberado pela comissão médica.
No jogo, o Brasil teve uma atuação similar à fisionomia de Ronaldo. Zinedine Zidane marcou duas vezes de cabeça e Emmanuel Petit fechou o placar para dar o primeiro título da história aos franceses.
1/7/2006 – Brasil 0 x 1 França (Quartas de final) – (Commerzbank Arena (Frankfurt/ALE)
Com uma geração dourada formada por Ronaldo, Ronaldinho, Kaká, Adriano e Robinho, a Seleção Brasileira chegou à Alemanha como favorita absoluta ao hexacampeonato. Todavia, o Brasil foi avançado de fase sob críticas pelo futebol sem brilho e apático, sendo a principal notícia o fato de o herói do penta estar mais pesado.
Nas quartas de final, a equipe de Carlos Alberto Parreira voltou a encontrar a França, algoz de 1986 e 1998. Zidane, mais uma vez, foi decisivo e dominou as ações da partida. O gol da França, de Thierry Henry, saiu de bola parada em uma cena que flagrou o lateral Roberto Carlos mais preocupado em ajeitar a meia antes da cobrança.
2/7/2010 – Holanda 2 x 1 Brasil (Quartas de final) – Port Elizabeth Stadium (Port Elizabeth/AFS)
A Seleção Brasileira, do técnico Dunga, ficou marcada por ter um esquema tático sólido e um contra-ataque mortal, mas também por ter um dos piores bancos de reservas da história da equipe em Copas do Mundo. Nomes como Doni, Josué, Julio Baptista e Grafite foram contestados pela mídia, que teve o pedido ignorado de levar as promessas Paulo Henrique Ganso e Neymar.
Nas quartas de final, o Brasil voltou a encarar os holandeses. Diferentemente de 1994 e 98, os holandeses, dessa vez, lembraram em parte o duelo de 1974.
Embora a Seleção tenha feito um primeiro tempo impecável e saído na frente com um gol de Robinho, o time perdeu a cabeça após Júlio César falhar e permitir o gol em um cruzamento de Wesley Snejder. O mesmo camisa 10 marcou o gol da virada e eliminou os brasileiros.