Sem camisa 9 fixo, Seleção busca Alemanha como exemplo
Sem nenhum centroavante de ofício em sua primeira lista no retorno à Seleção Brasileira - os atacantes foram Neymar, Hulk, Diego Tardelli e Ricardo Goulart -, Dunga parece mandar um recado a quem quer uma vaga na equipe.
"Atacante é quem chega na área para fazer gol. Independente de ter a camisa 9, a camisa 2 ou qualquer camisa. Temos vários jogadores que nos dão a oportunidade de variar: jogar com nove fixo, ou sem atacante fixo. O Müller, na Alemanha, começou jogando no ataque, depois foi jogar mais na lateral", disse.
A declaração de Dunga indica uma vida dura aos "camisas nove" do País, que ganharam uma sobrevida no um ano e meio de Felipão no comando. Antes de ser demitido pela CBF, Mano Menezes tinha encontrado uma solução para a sua equipe com Neymar atuando como falso centroavante. Ato desfeito por seu sucessor, que disse não abrir de um homem de área e jamais testou a Seleção sem ele. Mesmo diante de uma crise na posição.
Fred, seu titular, terminou a Copa como brasileiro mais criticado por suas atuações pífias. Seu reserva Jô nunca passou segurança. E é difícil apontar outro camisa nove que pudesse fazer melhor. O são-paulino Alan Kardec, que foge de algumas características de um centroavante clássico, hoje aparece como principal aspirante a essa vaga na Seleção. Mas como Dunga indicou, não bastará ser o melhor centroavante do País para ganhar chance.
Mais Alemanha
Em sua apresentação, Dunga tinha negado que a Alemanha tenha feito qualquer coisa de novo no futebol mundial, apesar do título e do ótimo futebol jogado (principalmente no 7 a 1 na semifinal contra o Brasil). Mas em sua primeira convocação, citou os alemães pelo menos por três vezes.
Antes de citar o posicionamento de Müller, o técnico da Seleção tinha falado que agora começa a melhor parte do seu trabalho, que é dentro de campo.
"É o momento de fazer um trabalho a médio e longo prazo, como fez a Alemanha. Temos que trabalhar muito, com jogadores que venham colocar seu talento em prol da Seleção. A Copa do Mundo do Brasil refez o pensamento de muita gente sobre o quanto é importante trabalhar a parte coletiva", disse.
Na terceira vez em que citou os alemães, Dunga falou sobre a média de idade de sua equipe. Na Copa de 2010, a Seleção tinha média de 29,2 anos - a mais velha da competição -, mas para o treinador isso não é importante.
"Naquela época trouxemos jogadores jovens também, mas a análise do técnico e a lista final são pelo rendimento em campo. Se fosse pela idade, a Alemanha não teria trazido o Klose a o Lahm para a Copa. A questão agora é do momento. Independente da idade", disse Dunga, deixando bem claro que a Alemanha deixou sim lições a serem seguidas pelo Brasil.