Torcida brasileira xinga Maradona e vaia hino chileno
Mais de 69 mil pessoas viram a goleada do Brasil (4 a 0) no Chile
O público de pele bronzeada que esteve no Maracanã na noite dessa quinta (24) para ver a goleada do Brasil sobre o Chile por 4 a 0 pelas eliminatórias do Mundial do Catar expôs mais uma vez a discussão que diz respeito a limites e excessos de torcedores. Por várias vezes, por exemplo, entoou cânticos direcionados a Maradona, que morreu em novembro de 2020, rotulando-o como “cheirador”, em alusão à relação do ex-jogador argentino com as drogas.
A provocação está no dna da rivalidade no futebol. Maradona é até hoje a maior representação do futebol argentino. Seu contraponto no Brasil é Pelé. Enaltecer o feito do lendário camisa 10 da seleção nacional, que ultrapassou a marca dos 1 mil gols na carreira, enriquece o repertório de qualquer arquibancada mundo afora. Usar a façanha para atacar um oponente vítima do vício em cocaína sugere perversidade.
Pois, o coro em questão ressoava assim, “mil gols, mil gols, mil gols, mil gols, mil gols, só Pelé, só Pelé, Maradona cheirador”.
A torcida lotou os trens do metrô que seguiam para os bairros da zona sul da cidade após o jogo. No sentido contrário, o fluxo era quase normal. Muitos ali circulavam em grupos, com a camisa da Seleção brasileira enrolada no pescoço e até mesmo a caminho de casa mantiveram a sanha de ofender chilenos com quem dividiam espaço na plataforma da estação Maracanã à espera do transporte. Eram xingamentos gratuitos que acuavam adultos e crianças que vestiam com orgulho nítido a camisa vermelha de seu país.
Bem antes disso, quando as duas equipes se perfilavam no gramado do estádio para a execução dos hinos, já dava para adivinhar a reação dessa plateia (uma boa parcela foi convidada pelos patrocinadores da CBF) que enfim reencontrava a Seleção no Maracanã.
No momento em que chilenos estufavam o peito para louvar sua canção-pátria, uma vaia daquelas que se podem ouvir até longe do estádio era dirigida aos vizinhos sul-americanos. No decorrer da partida, esse cartão de boas-vindas não mudou. A cada manifestação dos chilenos a favor da seleção deles, a resposta vinha em milhares de vozes que impunham o silêncio ao adversário com ofensas rasas.