Vexame expõe queda de prestígio da Seleção Brasileira
Já se foi o tempo em que a Seleção Brasileira enfrentava seus adversários da América do Sul, excetuando-se Argentina e Uruguai, com a expectativa de vencer por goleada. Jogar de igual para igual com Colômbia e Peru, por exemplo, era algo impensável. Mas tudo mudou e a derrota para os peruanos, por 1 a 0, na madrugada desta quarta, nos Estados Unidos, não soa mais como uma grande surpresa. Por outro lado, retrata sim a queda de prestígio da equipe pentacampeã mundial.
Antes, na sexta-feira, também em amistoso nos EUA, o Brasil não passou de um empate por 2 a 2 com a Colômbia. Há de se considerar, nesses casos, que esses rivais subiram de produção nos últimos anos. Mas ainda assim, por si só, isso não justificaria tamanha dificuldade da Seleção ao enfrentá-los.
Não se pode deixar de lado uma constatação óbvia – o futebol brasileiro ainda produz bons jogadores, mas não aquela quantidade toda de craques que surgiam a cada safra décadas atrás. Além disso, aos poucos, houve uma descaracterização do futebol-arte apresentado com mestria pelos brasileiros até o início do século – a última vez que o time exibiu seu repertório de talento e criatividade com intensidade e variações se deu no Mundial de 2002, na Coreia do Sul e Japão.
Lá, Ronaldo Fenômeno jogava o fino, Rivaldo desequilibrava, Ronaldinho Gaúcho encantava o mundo, Roberto Carlos e Cafu enchiam os olhos da torcida, e por aí vai.
Hoje, a dependência de um lance genial de Neymar, ou mais recentemente de Everton Cebolinha, ainda se faz presente. Mas isso é pouco.
Pior e mais grave, o Brasil recorre várias vezes a jogadas ensaiadas – cobranças de faltas ou de escanteios – para decidir uma partida contra seleções sem expressão. Ou seja, não consegue impor mais seu talento pelos dribles, toque de bola e improvisos que moldaram o amor de gerações pelo seu futebol.
As eliminatórias para o Mundial de 2022 começam em março de 2020. A realidade hoje aponta para um equilíbrio entre sete seleções do continente – apenas Bolívia, Paraguai e Equador destoam das demais. Não é bom perder de vista a possibilidade real de algum ex-campeão mundial, como Brasil, Argentina e Uruguai, ficar fora da festa no Catar, daqui a três anos.
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