Bronze, Alison superou tragédia e se tornou talento precoce
Medalhista nos 400m com barreiras, brasileiro teve várias queimaduras com 10 meses de idade e com 16 anos começou a competir contra adultos
Medalhista de bronze na prova dos 400 metros com barreiras dos Jogos Olímpicos de Tóquio, Alison dos Santos se consagrou nesta segunda-feira como um dos grandes velocistas do mundo e coroou uma história de muita luta desde o início da sua vida. Com apenas dez meses de idade, o brasileiro sofreu um acidente doméstico. Uma frigideira com óleo virou sobre si. Ele ficou meses internado para tratar das queimaduras de terceiro grau na cabeça, ombros, peito e braços.
Por causa daquele acidente, Alison carrega até hoje as cicatrizes em seu corpo. A mais evidente é uma falha no cabelo. E quando criança, antes de investir no esporte em que começou a brilhar, ele tentou ser judoca. Foi nesse período que ganhou o apelido de Piu. O garoto trocou o tatame pelo atletismo e hoje é medalhista olímpico.
Com apenas 21 anos, Alison chama atenção no cenário internacional desde os 16, quando passou a participar de provas contra adultos. Confiante no seu crescimento, ele já faz planos para o próximo ciclo olímpico, que será de apenas três anos até a realização dos Jogos Olímpicos de Paris-2024. "A gente quer mais, evoluir cada vez mais e, quem sabe, um dia se tornar um recordista mundial."
Sorridente, Alison comemorou ainda o fato de o atletismo ter mudado a sua vida. "O atletismo me fez ser uma pessoa diferente, fez eu melhorar o meu jeito de ser, entender e me aceitar mais. Antes eu era muito tímido, tinha muita vergonha (das cicatrizes provocadas pelas queimaduras), só que hoje eu sei que isso faz parte de mim, não tem porquê eu querer ficar tímido por isso", contou.
Entre as cicatrizes daquele acidente, ele tem falhas no cabelo que o fazem ter uma aparência de mais velho. "Não é questão de vergonha, era questão de timidez mesmo, de algum comentário que não faziam para você, mas dava para perceber que estão comentando com outras pessoas. Isso mexia um pouco e abalava um pouco a confiança. Mas o atletismo me fez entender que todos nós somos iguais. Ninguém é melhor que ninguém por nada", ressaltou Alison, que deu ao atletismo brasileiro a sua primeira medalha nesta Olimpíada de Tóquio.