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Carlos Santalena aborta subida ao pico do Everest após alcançar 8.200 metros

Montanhista suspende ataque ao cume a pouco mais de 500 metros da meta para preservar integridade física e mental de seus clientes.

28 mai 2023 - 16h17
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Santalena no Acampamento base
Santalena no Acampamento base
Foto: Gabriel Tarso

Nova tentativa de chegar ao topo da montanha mais alta do mundo pela quarta vez está nos planos.

O alpinista Carlos Santalena chegou ao Brasil no último sábado, após a expedição de 2023 do Everest. O recorde de primeiro brasileiro a chegar ao cume pela quarta vez ficou por pouco. A equipe liderada pelo montanhista da Grade6 chegou a 8.200 metros, pouco mais de 500 metros distantes do “teto do mundo”, a 8.849m. 

Pode parecer pouco, mas não é. A segurança dos clientes é a prioridade do guia e em condições extremas, com frio congelante e ar extremamente rarefeito, executar qualquer movimento arriscado nunca é opção. Com experiência de 11 anos na montanha mais desafiadora do planeta, Santalena sabe que o mais importante é a jornada.

O dia 22 foi escolhido como a melhor janela possível para o ataque ao cume. Segundo Santalena, o dia era bom, mas não espetacular. E fazia ainda mais frio do que nos outros dias, o que impossibilitou também a realização do projeto de Canelas de chegar ao topo sem oxigênio.

“O Carlos já estava apresentando sinais de congelamento nas narinas e, caso tivesse prosseguido, corria sérios riscos de perder partes do nariz, orelhas ou extremidades. E nunca vamos arriscar sequer a ponta de um dedo. Essa é a minha filosofia. Venho ao Everest há 11 anos e todos os nossos clientes sempre voltaram intactos. Alguns chegaram ao cume. Outros, não. Mas o ponto principal, na minha opinião, é passar pela experiência da alta montanha, superar os próprios limites e voltar bem para as nossas famílias e para quem a gente ama”, completa.

Se desta vez Santalena não atingiu o topo do Everest, o sonho de voltar a visitar o teto do mundo continua. Entre os projetos futuros, ele planeja chegar ao topo das 14 montanhas com mais de oito mil metros.

 “Sigo em busca de patrocínio e espero que essa marca ajude. Como alpinista, posso dizer que o céu é o limite para os meus sonhos e objetivos”, conta. 

Além do próprio Monte Everest (8.848m), ele já escalou Lhotse (8.516m), Makalu (8.485m) e o Monte Manaslu (8.163m). Os cumes que faltam são o K2 (8.611m), Kangchenjunga (8.586m), Cho Oyu (8.188m), Monte Dhaulagiri (8.167m), Nanga Parbat (8.126m), Annapurna I (8.091m), Gasherbrum I /  K5 (8.080m), Broad Peak / K3 (8.051m), Gasherbrum II / K4 (8.034m) e Shishapangma (8.027m).

Aos 37 anos, Santalena segue como recordista nacional de cumes no Everest, façanha que divide com Rodrigo Rainieri, após as conquistas realizadas nos anos de 2011, 2016 e 2018. 

O experiente guia de montanha e sócio da Grade6 – Expedições em Alta Montanha (única empresa brasileira a organizar expedições ao Everest) coleciona outras marcas representativas. É, por exemplo, o brasileiro mais jovem a chegar ao cume do Everest. Foi em 2011, quando ele tinha 24 anos.

Além das alegrias das conquistas, o alpinista também enfrentou momentos de tensão e sérios riscos com duas tragédias no Everest: a avalanche de 2014 e o terremoto de 2015. Os desafios desencadearam projetos sociais, como o criado no Nepal, o qual garante o sustento de 12 crianças de um orfanato.

“Um dos nossos objetivos na Grade6 é ajudar a melhorar cada ambiente pelo qual passamos, pensando tanto no social quanto no ambiental, enquanto buscamos as melhores, mais técnicas, seguras e desafiadoras escaladas do planeta. Ao final dessa expedição, levamos mais contribuições ao orfanato que sustentamos em Kathmandu”, relata.

Além dos feitos no Everest, Carlos Santalena detém outros recordes. É o primeiro alpinista brasileiro a completar os 7 Cumes, as sete maiores montanhas do mundo, por duas vezes.

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