Polícia investiga Ceará por emitir notas frias no valor de R$ 45 milhões
O atual presidente e as oito pessoas envolvidas, estão sendo acusadas de formação de quadrilha, apropriação indébita e lavagem de dinheiro na gestão do clube
O presidente do Ceará SC e outras oito pessoas estão sendo investigadas pela Polícia Civil do Ceará por emitir notas frias em 2023. A acusação é que João Paulo Silva utilizou o contrato com a casa de apostas Estrela Bet e emitiu cerca de R$ 45 milhões em 85 notas falsas.
O atual presidente e as oito pessoas envolvidas, estão sendo acusadas de formação de quadrilha, apropriação indébita e lavagem de dinheiro na gestão do clube. A Estrela Bet era uma das maiores patrocinadoras do Ceará, que garantiu o acesso à elite do futebol brasileiro em 2025. A empresa, após notar as notas falsas, rompeu o contrato com o clube.
Segundo a Folha de S.Paulo, as notas falsas eram canceladas até 72 horas depois de emitidas, após serem apresentadas a fundos de investimento como último para adiantar valores que o clube, na verdade, não fazia apenas a receber. E ainda, João Paulo confirmou a emissão das notas e os cancelamentos, além da quebra de regras no contrato, mas nega que tenha feito fraude.
- Tinha uma necessidade do fundo de ter último [para a operação]. Para confortar essa necessidade do fundo, eu emitia as notas e depois cancelava - admitiu João Paulo à reportagem da Folha, negando que o mecanismo seja um tipo de fraude.
Como era o esquema, segundo a investigação:
- Ceará pede empréstimo à CVPAR;
- Como garantia, apresenta uma nota na qual atesta que tem a receber um valor da patrocinadora Estrela Bet;
- Com base nas notas, a CVPAR empresta o dinheiro;
- Dias depois, o Ceará cancela a nota usada como garantia
A Estrela Bet rompeu o contrato com o Ceará em abril de 2023, após ficar sabendo dos cancelamentos e acusou o clube, que estava cometendo crime. Não dá detalhes mais profundos. Segundo a Folha, o contrato foi rompido 'de maneira formal e dentro das disposições contratuais previamente previstas e comunicadas ao clube'.
- As recentes operações de emissão e cancelamento de notas fiscais e a antecipação de recebíveis, no contexto e forma em que foram realizadas, violam as disposições contratuais, o artigo 422 do Código Civil e várias outras disposições legais, de natureza cível, fiscal e, eventualmente , até criminoso - disse a empresa em documento.
Um gestor de fundos disse à Folha que "as operações são legítimas, regularmente lastreadas dentro da política de elegibilidade de créditos constantes do regulamento e foram devidamente liquidadas" e elogiou o Ceará como possuidor de "regular histórico de operações liquidadas, possuindo orçamento e receitas suficientes para honrar os seus compromissos".