Ex-atacante revela preconceito após acidente da Chapecoense: "Parecia terrorista"
Wellington Paulista afirmou que mulher chegou a descer do avião com medo de voar com atletas; em 2016, 71 pessoas morreram em acidente
Ex-atleta da Chapecoense, Wellington Paulista relatou experiências de preconceito após o acidente que causou 71 mortes, em 28 de novembro de 2016, na Colômbia.
O ex-Chapecoense Wellington Paulista revelou que atletas do clube sofreram preconceito por causa da tragédia envolvendo um avião que levava jogadores para disputar a final da Copa Sul Americana na Colômbia. Na ocasião, a aeronave caiu no morro El Gordo, a 35 quilômetros do aeroporto de Medellin. Das 77 pessoas a bordo, 71 morreram.
Segundo Wellington relatou em entrevista para a ESPN, ao trauma do acidente atingiu os sobreviventes de diferentes formas. Uma delas, o olhar preconceituoso de passageiros de aviões que precisassem embarcar.
"A maioria dos lugares era assim. A gente entrava no avião e parecia que a gente iria derrubar o avião, a gente parecia terrorista. O pessoal via a roupa da Chapecoense e ficava com medo", contou. "Teve uma senhora que desceu do avião. Ela estava lá na frente, viu todo mundo entrando com a camisa da Chape e desceu".
O ex-atacante com passagem por vários clubes do futebol brasileiro, revelou que, apesar da constância nos ataques, não levava desaforo. Em algum momento, ele e os colegas sempre rebatiam.
"Eu, Reinaldo, os bocudos do time, quando falavam da Chape, a gente respondia: 'Desce, tá preocupado com a gente? Desce'", lembrou.
Em um episódio específico, eles foram alvos de comentários maldosos em uma cidade do interior de Santa Catarina. Torcedores até repreenderam a atitude.
"Teve um jogo que o Reinaldo viu um torcedor fazendo gracinha, o Reinaldo apontou, chamamos o árbitro, mandamos olhar. Os torcedores recriminaram o cara e tal, ele saiu de perto. Sempre tem um idiota", acrescentou.
Relembre o acidente com a Chapecoense
O avião que levava atletas da Chapecoense para disputar o primeiro jogo da final da Copa Sul Americana caiu em 28 de novembro de 2016. O voo 2933 da empresa boliviana LaMia, contratado pela Associação Chapecoense de Futebol, levava 77 passageiros. Destes, 71 morreram. O jogo seria disputado contra o Atlético Nacional, de Medellin, na capital colombiana.
A aeronava caiu no morro El Gordo, a 35 quilômetros do aeroporto de Medellin. Segundo informações da época, o avião bateu de barriga no alto do morro, capotou e se despedaçou encosta a baixo.
Os sobreviventes do acidente foram o goleiro Jakson Follmann, o zagueiro Neto, o lateral-esquerda Alan Ruschel, a comissária de bordo Ximena Suárez, o técnico de aviação Erwin Tumiri e o narrador Rafael Henzel. Este último morreu três anos depois, em 2019, de infarto.