Chefe da arbitragem carioca diz que Fifa se precipitou
Presidente da Comissão de Arbitragem da Federação de Futebol do Rio, Jorge Rabello, ex-integrante do quadro nacional da CBF, disse nesta quinta que a Fifa deveria ter propiciado mais treinamento aos árbitros de vídeo antes de promover experiências em jogos do Mundial de Clubes. Para ele, o ideal teria sido levar a iniciativa primeiro para competições de menor importância, como campeonatos sub-15, sub-17 ou sub-19.
“O uso da tecnologia para ajudar a arbitragem é um desejo muito antigo dos próprios árbitros. Mas isso tem que ser feito com cautela e passo a passo. Infelizmente o que se viu nos dois jogos do Mundial de Clubes (Atlético Nacional x Kashima e América do México x Real Madrid) foram erros nas intervenções do árbitro de vídeo, o que expõe algo que tende a ser extremamente favorável ao futebol.”
Durante evento na sede da federação, para apresentação da bola oficial e do uniforme dos árbitros para o Campeonato Carioca de 2017, Rabello disse que é preciso aprender com o know-how de outras modalidades que já usam recursos avançados para dirimir dúvidas numa disputa. “No basquete, no vôlei, no tênis, entre outros esportes, a tecnologia já se faz presente e o futebol tem que caminhar na mesma direção. Mas, tudo com muito critério e clareza.”
Ele comentou que o lance do primeiro gol do Kashima contra o Atlético Nacional na quarta (14), em um pênalti marcado depois de o árbitro ver a jogada no vídeo, foi mal interpretado porque o atacante do time japonês obstruiu o adversário e estava em impedimento antes de ser calçado. “Ali, o correto era deixar o jogo fluir, já haviam se passado dois minutos. Não era algo objetivo, como uma mão na bola ou um impedimento.”
Já na partida desta manhã, em que o Real Madrid derrotou, pela outra semifinal do Mundial o América do México por 2 a 0, Rabello criticou a validação de um gol anulado, instantes depois de o jogo ter sido reiniciado. “Isso fere a regra, é notório. No afã de mostrar o que todos querem, a Fifa se precipitou.”
Ele afirmou que não há nenhuma possibilidade de o modelo ser adotado no Carioca de 2017. “Como eu disse, depende de uma série de fatores: treinamento, adaptação, gente capacitada, e, além disso, o custo é muito alto. Se for fazer numa competição, tem que ser para todos os jogos, senão você cria distorções.”