"Virgem" da Copa América: veja histórias dos vices do Chile
O Chile vive uma verdadeira obsessão pelo troféu da Copa América de 2015. A população está ensandecida e tem comemorado cada vitória como se fosse título. A imprensa local só fala disso, e os jornalistas torcem descaradamente mesmo ao vivo. Jogadores e técnico, é claro, exaltam a competição e se entregam com raça absurda a cada jogo. Isso tudo tem uma explicação: o Chile nunca conquistou nenhum título continental. Foi vice quatro vezes, sempre com boas histórias para contar, mas saiu decepcionado no fim.
1955
O Chile já foi sede de sete edições da Copa América, mas só duas vezes chegou na final, em 1955 e 2015. Há 60 anos, o país também tinha um dos melhores times da época, tanto que estreou aplicando um placar curioso contra o Equador: 7 a 1. Pois é, Alemanha, você não foi tão inovadora assim.
A princípio, a disputa era por pontos corridos entre seis seleções, mas Chile e Argentina chegaram na última rodada com a mesma pontuação e um confronto direto pela frente. Ou seja, na prática aconteceu uma final. O problema é que nesse jogo aconteceu uma tragédia: tão empolgados pela chance do título em casa, os chilenos superlotaram o estádio e fizeram muita confusão fora dele. A policial chegou com truculência ao local, inclusive com jatos de água, e acabou matando sete pessoas antes da partida. Mesmo assim a bola rolou no mesmo dia e teve vitória da Argentina por 1 a 0.
1956
Com praticamente o mesmo time, mais uma vez o Chile conseguiu chegar na útima rodada com chance de título. E a grande lembrança dos chilenos naquela campanha foi a primeira vitória do país contra o Brasil: 4 a 1 contra o time que tinha Djalma Santos, Zito, Jair Rosa Pinto, Baltazar e outros ídolos da Seleção.
A fórmula também foi igual, porém o Chile não conseguiu chegar na última rodada com chances de título. O Uruguai disparou na frente e conquistou o troféu jogando em casa.
1979
Dessa vez o regulamento já tinha mudado: primeiro o Chile disputou uma fase de grupos e aplicou sua maior goleada na história da competição, 7 a 0 contra a Venezuela. Depois, na semifinal, ainda enfrentou o Peru que tinha sido campeão há quatro anos, mas passou com uma vitória fora de casa e um empate.
O problema é que do outro lado estava um Paraguai também forte, com a base do time formada pelo Olimpia campeão da Libertadores daquele ano. A seleção eliminou o Brasil na semifinal e partiu para a decisão com o Chile.
O primeiro jogo, em Assunção, terminou 3 a 0 para o Paraguai. Depois, em Santiago, o Chile venceu por 1 a 0. O regulamento bizarro acabou gerando a parte mais curiosa da história: como cada time ganhou um jogo, foi decretado que haveria uma terceira partida, em campo neutro. Então a decisão aconteceu em Buenos Aires, porém os argentinos se interessaram pouquíssimo pela partida - apenas 6 mil pessoas estiveram no estádio para ver um jogo que ficou no 0 a 0, mesmo com prorrogação. Sendo assim, o Paraguai foi decretado campeão por ter vencido o primeiro jogo por 3 a 0 e perdido por apenas 1 a 0.
1987
Mais uma vez o Chile conseguiu uma vitória impressionante na fase de grupos: eliminou o Brasil após uma goleada por 4 a 0, mesmo com Ricardo Rocha, Raí, Müller, Careca e Romário em campo.
Porém, dessa vez o Chile perdeu a decisão para o Uruguai em um jogo extremamente nervoso: o árbitro brasileiro Romualdo Arppi Filho expulsou quatro jogadores apenas por causa de faltas extremamente agressivas. No Chile Fernando Astengo e Eduardo Gómez receberam cartão vermelho. No Uruguai quem saiu foi Enco Francesco e José Perdomo. No meio de tanta confusão, aconteceu um gol feio de Bengoecha que deu mais um título da Copa América para o Uruguai, o 13º do país.