Todos nós sabemos que o árbitro está sujeito
a erros. Alguns, claramente, provocados pelo posicionamento em campo.
Outros, creditados à interpretação diferente da nossa.
Estando no lugar errado ou vendo o lance de
maneira diferente é, impiedosamente criticado. Se ele entra xingado
em campo, imaginem a saída...Os analistas mais frios apontam que
"tudo isso faz parte do jogo...". Assunto encerrado ? Não.
O 'capo' da arbitragem brasileira, Armando
Marques, disse que " no futebol há coisas que a gente vê e coisas
que a gente não vê...". A frase foi dita numa reunião entre ele
e inúmeros árbitros brasileiros. Ele não disse a frase, isentando
possíveis erros. Seria até compreensível, o comandante levar tranquilidade
aos seus subordinados. Mas foi pior. Muito pior.
Segundo, o árbitro Dacildo Mourão, o chefe
da arbitragem brasileira sugeriu que os árbitros fossem "inteligentes".
O melhor, segundo Armando Marques, é saber quando deve marcar uma
falta ou não. Árbitro que marca tudo aquilo que vê, segundo Armando
Marques, é burro.
Recentemente, Marcio Rezende de Freitas ,
não deu um pênalti em Euller na partida contra o Palmeiras e logo
em seguida marcou uma penalidade inexistente em cima de Juninho.
Certamente, ele lembrou de Maquiavel : "A poucos homens é dado saber
retificar os erros que cometem ". Pagou o erro que cometeu , cometendo
outro. Na arbitragem essa "linha" é trágica. Sabemos, Maquiavel
não dá exemplos que dignificam, mas o árbitro deve ter sido aplaudido
pelo guru Armando Marques. O responsável pela arbitragem brasileira
não suporta árbitros que cometem erro e não o corrige. Ele confunde
árbitro com juiz.
Infelizmente, pela filosofia de Armando Marques
, árbitro deve ajeitar o jogo, acertar as coisas. Não ver o que
vê e ver aquilo que não vê. De acordo com o momento, o clima, o
interesse do "espetáculo". Todos nós sabemos que Armando Marques
tem muitos defeitos, mas não é burro! E exatamente por isso, por
ser um homem inteligente, essa declaração é ainda mais assustadora.
Naquela reunião, a mensagem do chefe foi clara. Ele falou aquilo
que os árbitros inconfiáveis queriam ouvir e confundiu a cabeça
dos bem intencionados.
Para muitos ficou claro que ser inteligente
na arbitragem é não ver aquilo que realmente viu. Isso é apavorante.
Parece filme de terror. A cabeça do torcedor, então, entra em parafuso.
Para Armando Marques, ser inteligente é não desagradar. Ser inteligente
é não marcar aquilo que a maioria não gostaria que fosse marcado.
Ser inteligente na arbitragem é conveniente, em alguns momentos,
fechar os dois olhos.
Confesso que prefiro árbitro burro, aquele
que marca o que vê. Só isso.