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Wanderley Nogueira
Segunda-feira, 03 Setembro de 2001, 17h42
terraesportes@terra.com.br

Erro


Todos nós sabemos que o árbitro está sujeito a erros. Alguns, claramente, provocados pelo posicionamento em campo. Outros, creditados à interpretação diferente da nossa.

Estando no lugar errado ou vendo o lance de maneira diferente é, impiedosamente criticado. Se ele entra xingado em campo, imaginem a saída...Os analistas mais frios apontam que "tudo isso faz parte do jogo...". Assunto encerrado ? Não.

O 'capo' da arbitragem brasileira, Armando Marques, disse que " no futebol há coisas que a gente vê e coisas que a gente não vê...". A frase foi dita numa reunião entre ele e inúmeros árbitros brasileiros. Ele não disse a frase, isentando possíveis erros. Seria até compreensível, o comandante levar tranquilidade aos seus subordinados. Mas foi pior. Muito pior.

Segundo, o árbitro Dacildo Mourão, o chefe da arbitragem brasileira sugeriu que os árbitros fossem "inteligentes". O melhor, segundo Armando Marques, é saber quando deve marcar uma falta ou não. Árbitro que marca tudo aquilo que vê, segundo Armando Marques, é burro.

Recentemente, Marcio Rezende de Freitas , não deu um pênalti em Euller na partida contra o Palmeiras e logo em seguida marcou uma penalidade inexistente em cima de Juninho. Certamente, ele lembrou de Maquiavel : "A poucos homens é dado saber retificar os erros que cometem ". Pagou o erro que cometeu , cometendo outro. Na arbitragem essa "linha" é trágica. Sabemos, Maquiavel não dá exemplos que dignificam, mas o árbitro deve ter sido aplaudido pelo guru Armando Marques. O responsável pela arbitragem brasileira não suporta árbitros que cometem erro e não o corrige. Ele confunde árbitro com juiz.

Infelizmente, pela filosofia de Armando Marques , árbitro deve ajeitar o jogo, acertar as coisas. Não ver o que vê e ver aquilo que não vê. De acordo com o momento, o clima, o interesse do "espetáculo". Todos nós sabemos que Armando Marques tem muitos defeitos, mas não é burro! E exatamente por isso, por ser um homem inteligente, essa declaração é ainda mais assustadora. Naquela reunião, a mensagem do chefe foi clara. Ele falou aquilo que os árbitros inconfiáveis queriam ouvir e confundiu a cabeça dos bem intencionados.

Para muitos ficou claro que ser inteligente na arbitragem é não ver aquilo que realmente viu. Isso é apavorante. Parece filme de terror. A cabeça do torcedor, então, entra em parafuso. Para Armando Marques, ser inteligente é não desagradar. Ser inteligente é não marcar aquilo que a maioria não gostaria que fosse marcado. Ser inteligente na arbitragem é conveniente, em alguns momentos, fechar os dois olhos.

Confesso que prefiro árbitro burro, aquele que marca o que vê. Só isso.

 

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