Os responsáveis pelo futebol brasileiro precisam despertar também para o
assunto doping. Vamos falar apenas das chamadas "drogas sociais". Cocaína e
maconha, infelizmente, têm freqüentado o caminho de muitos atletas. Os
especialistas afirmam que as duas não melhoram o rendimento esportivo.
Diante dessa informação dos médicos, considero uma enorme bobagem punir os
jogadores com suspensão. Não deixar um profissional exercer o seu trabalho
é incorreto. É uma "terapia" ineficaz.
Se não influencia o rendimento, nem contra nem a favor, o trabalho não
deve ser impedido. O caso do momento envolve Junior Baiano. Ele garante:
"alguém deve ter colocado alguma coisa na minha bebida". É uma desculpa
possível, mas imensamente improvável. Tecnicamente está provado que o
atleta ingeriu a droga. Na urina não foi encontrado álcool.
A grande punição é a divulgação do assunto. Essa pena para o atleta
profissional é pesadíssima. Entrevistas, fotografias e comentários machucam
duramente.Então, parte da "pena" já foi cumprida. Para concluir a punição,
o acusado deveria fazer trabalhos comunitários ligados ao esporte.
Conversar com os garotos das escolinhas do clube, explicar a bobagem que
fez, o arrependimento, dizer que não recomenda ambientes perigosos e que
droga não casa com esporte. Além disso, o "condenado" deveria participar de
reuniões com pessoas que tentam escapar do vicio e até mesmo conhecer a
caótica situação daqueles que foram inteiramente dominados pelas chamadas
"drogas sociais".
No mundo todo, a tendência é encontrar penas alternativas e eficientes. Nada
de colocar na cadeia ladrões de bicicletas, nada de trancafiar dependentes
que não são marginais. E, no esporte, nada de impedir de trabalhar alguém
que comprovadamente não utiliza a droga para melhorar o seu rendimento
físico. Considero um absurdo afastar do futebol por um período o zagueiro
Junior Baiano.
A luta contra as drogas daria um bom passo se a "pena" ao jogador
determinasse por algumas semanas sua presença em clínicas de recuperação, levando o seu
drama. Explicando que, além de combater as drogas - participou até de
campanhas do governo -, seu "escorregão" afetou profundamente sua carreira
profissional.
Truncar por algumas semanas o trabalho de Júnior Baiano é imposição de uma
lei ultrapassada e inócua.