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Wanderley Nogueira
Segunda-feira, 03 Setembro de 2001, 17h47
terraesportes@terra.com.br

Abaixo os forasteiros


Levar clássicos envolvendo times da capital para o interior não é um erro. A idéia é até atraente. É como um famoso circo chegando à cidade distante. É bom para os artistas, fascinante para o público. Mas, o momento que estamos vivendo não permite sonhos dourados. São detalhes, pequenos detalhes que provocam perplexidade e indignação.

O São Paulo queria colocar seus conselheiros no vôo fretado pela FPF e que levaria a delegação do Palmeiras para São José do Rio Preto. O presidente Mustafá Contursi protestou e Farah proibiu o embarque da cartolagem. No lugar dos conselheiros do São Paulo, viajaram os fiscais da federação. O São Paulo viajou um dia antes. Será que a diretoria do São Paulo não percebeu que provocaria um grande constrangimento colocando seus conselheiros no mesmo avião que a delegação do Palmeiras? Já imaginaram como seria a volta? É muito provável que ocorresse uma provocação de algum "torcedor ilustre" do São Paulo e a confusão estaria armada.

Lá em Rio Preto o próprio presidente do América, anfitrião do jogo, reconheceu que "num clássico como este entram sem pagar de cinco a seis mil pessoas...são vereadores de várias cidades vizinhas, juizes, delegados, políticos...e todos eles com seus convidados . É impossível barrar esse pessoal...".

A Policia Militar de São Jósé do Rio Preto é composta por políciais simpáticos, educados, discretos...e sonolentos. Uma moleza de fazer inveja aos preguiças, simpáticos animais indolentes. Todo o trabalho foi feito com a lentidão de quem almoçou uma pesada feijoada numa cidade com 40º graus de temperatura.

A FPF anunciou 40 mil torcedores no estádio e seguramente estavam presentes mais de 50 mil pessoas. Metade das catracas não funcionou e o descontrole foi total. Como tantas outras cidades paulistas, Rio Preto é bonita, limpa, tranquila, bem iluminada, cheia de árvores e com um clima imperdível. O clássico entre duas equipes da capital atrapalhou a cidade e ainda provocou criticas ferozes contra Rio Preto pelas pedras atiradas contra os jogadores. Tenho quase certeza que foram as "organizadas" as autoras das agressões, mas sobrou para a coitada da cidade de São José do Rio Preto.

Na volta para São Paulo vinha pensando nos velhos filmes norte-americanos...quando o xerife resolvia impedir a entrada de forasteiros. Alegando que aquela era uma cidade pacífica, o xerife ficava na porta da cidade deixando claro que estranhos não eram bem-vindos. Mas, nos tempos modernos, os "forasteiros" chegam, não escondem que são espertos, deselegantes, agressivos, irresponsáveis e certos da impunidade. Foi assim em Rio Preto.

 

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