Levar clássicos envolvendo times da capital para o interior não é um erro.
A idéia é até atraente. É como um famoso circo chegando à cidade distante. É
bom para os artistas, fascinante para o público. Mas, o momento que estamos
vivendo não permite sonhos dourados. São detalhes, pequenos detalhes que
provocam perplexidade e indignação.
O São Paulo queria colocar seus conselheiros no vôo fretado pela FPF e que
levaria a delegação do Palmeiras para São José do Rio Preto. O presidente
Mustafá Contursi protestou e Farah proibiu o embarque da cartolagem. No
lugar dos conselheiros do São Paulo, viajaram os fiscais da federação. O São
Paulo viajou um dia antes. Será que a diretoria do São Paulo não percebeu
que provocaria um grande constrangimento colocando seus conselheiros
no mesmo avião que a delegação do Palmeiras? Já imaginaram como seria a
volta? É muito provável que ocorresse uma provocação de algum "torcedor
ilustre" do São Paulo e a confusão estaria armada.
Lá em Rio Preto o próprio presidente do América, anfitrião do jogo,
reconheceu que "num clássico como este entram sem pagar de cinco a seis mil
pessoas...são vereadores de várias cidades vizinhas, juizes, delegados,
políticos...e todos eles com seus convidados . É impossível barrar esse
pessoal...".
A Policia Militar de São Jósé do Rio Preto é composta por políciais
simpáticos, educados, discretos...e sonolentos. Uma moleza de fazer inveja
aos preguiças, simpáticos animais indolentes. Todo o trabalho foi feito com
a lentidão de quem almoçou uma pesada feijoada numa cidade com 40º graus de
temperatura.
A FPF anunciou 40 mil torcedores no estádio e seguramente estavam
presentes mais de 50 mil pessoas. Metade das catracas não funcionou e o
descontrole foi total. Como tantas outras cidades paulistas, Rio Preto é
bonita, limpa, tranquila, bem iluminada, cheia de árvores e com um clima
imperdível. O clássico entre duas equipes da capital atrapalhou a cidade e ainda provocou criticas ferozes contra Rio Preto pelas pedras atiradas contra os jogadores. Tenho quase certeza que foram as
"organizadas" as autoras das agressões, mas sobrou para a coitada da cidade
de São José do Rio Preto.
Na volta para São Paulo vinha pensando nos velhos filmes norte-americanos...quando o xerife resolvia impedir a entrada de forasteiros.
Alegando que aquela era uma cidade pacífica, o xerife ficava na porta da
cidade deixando claro que estranhos não eram bem-vindos. Mas, nos tempos
modernos, os "forasteiros" chegam, não escondem que são espertos,
deselegantes, agressivos, irresponsáveis e certos da impunidade. Foi assim
em Rio Preto.