Recuando alguns anos no tempo, lá estava eu pelas ruas de Quito. O Equador
não vivia momentos de tranquilidade e diariamente estudantes e militares
entravam em choque. Bombas de gás, pedras, paus. O país estava numa situação
econômica muito apertada e barriga vazia faz o esfomeado tomar atitudes
desesperadas. A seleção brasileira , com Batista no meio de campo, estava
lá. Faz tempo. Os equatorianos reverenciavam o time brasileiro e achavam que
teriam pela frente um time mágico, capaz de ganhar facilmente. Um time de
"extraterrestres", diziam os jogadores, treinadores e torcedores. Achavam que
os brasileiros eram verdadeiros bruxos em campo .
Nos dias de hoje o temor foi embora. O Equador continua vivendo uma
fortissima crise financeira, onda imensa de violência, sequestros de
estrangeiros, fronteiras com a Colômbia reforçadas, até um bispo foi preso
como um dos maiores traficantes de armas do mundo. Tinha ligação com a
Líbia. Um país efervescente como aquele que encontrei há alguns anos, mas que
perdeu totalmente o respeito pela seleção brasileira.
Sinal dos tempos. Os jogadores do Equador dizem hoje, abertamente, que "os
brasileiros não são extraterrestres e só não perderam no Brasil, lá no
Morumbi, por pura sorte. Aqui no Equador podemos ganhar dos brasileiros e
com folga..." . O dia a dia no Equador está até pior em relação ao passado
citado aqui, mas, no futebol, os equatorianos estão crentes que tudo melhorou.
O culpado é o futebol brasileiro. Tem sido uma grande decepção. A seleção
nos últimos tempos só tem provocado inconformismo e indignação. Não joga
bonito, não atrai, não entusiasma e quando ganha é no chamado sufoco. Nas
competições oficiais e em amistosos o time não tem deixado ninguém acordado
diante da televisão. Contra o México, o jogo começou à meia-noite e, depois
de alguns minutos, milhões de televisores foram desligados. As pesquisas
confirmaram isso. Contra o Equador , a seleção brasileira terá mais uma
oportunidade para começar a voltar a assustar os adversários. Será?