Sabia que o parto ia ser dolorido, até escrevi. Só esperava que não fosse esse tanto. Afinal, em 13 jogos o Brasil tinha vencido dez e empatado três contra o Equador. O que mais doeu foi a maneira como a seleção perdeu para o nosso adversário.
No primeiro tempo, o time brasileiro não tomou a iniciativa do jogo, foi apático, sem criatividade, um desastre. No segundo, quando melhorou foi porque estava perdendo. Foi movido pelo desespero, não houve tática, planejamento, nada disso.
A surpresa maior foi quando o técnico Leão justificou a ausência de Cafu e Roberto Carlos, baseando-se numa pesquisa, não sei de onde, que mostrava que 87% dos entrevistados não queriam os dois jogadores como titulares da seleção. É a primeira vez que vi um técnico escalar o time brasileiro com base em pesquisa popular. Se o treinador é tão fiel à consulta de opinião pública, que atitude vai tomar quando chegar o dia que um plebiscito apontar que ele deve deixar o cargo? Um absurdo!
Visivelmente nervoso e constrangido na entrevista coletiva, o técnico só foi lúcido quando disse que o futebol mundial está mudado e que os jogadores da seleção ainda não sabem disso. Hoje não vale mais a frase que todo mundo já disse um dia: "Se o Brasil não ganhar do Equador, vai ganhar de quem?" Se fosse para entregar um prêmio ao melhor jogador do Brasil na partida, isso não seria possível. Não existiu o melhor jogador. A seleção foi um amontoado de jogadores, correndo atrás do Equador. Os laterais Belletti e Silvinho não existiram, Rivaldo não entrou em campo, Romário se arrastou e Ronaldinho foi um desastre.
Como escalar um atleta que não está em ritmo de competição? Que está sem clube e que mal treina num time chamado Bangu? Isso é falta de visão profissional ou pressão política ? Agora a seleção vai disputar 21 pontos, precisando ganhar dez, ou melhor, sete pontos porque o último jogo será em casa contra a Venezuela. O fato é que o Brasil não tem um time titular, as mudanças se sucedem a cada partida, não há disciplina tática, ou melhor não há tática nenhuma.
Romário é um caso à parte. Até quando vamos viver desse misticismo de que ele anda em campo, mas que de repente, vai fazer um gol? É triste, mas o jogo contra o Equador mostrou que os adversários do Brasil perderam o respeito pelo nosso futebol. É doloroso, mas a verdade sempre dói.