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Fernando Santos
Quinta-feira, 29 Março de 2001, 17h19
terraesportes@terra.com.br

Máfias


Público fugindo dos ginásios, redução do número de pontos por partida, falta de astros. A situação não poderia ser pior para o estouro de um escândalo na NBA, como este revelado pela respeitada revista norte-americana Sports Illustrated. Jogadores metidos em prostituição e, o que é muito pior, como a máfia.

A revelação feita pelo jornalista Art Harris, com base em investigações do FBI, compromete os pivôs Patrick Ewing (Seattle) e Dikembe Mutombo (Philadelphia). E, por se tratar de extravagâncias, não poderia deixar de fora o ex-jogador Dennis Rodman. Também estão na confusão dois running backs do futebol americano, os astros Terrel Davis (Denver) e Jamal Anderson (Atlanta). Prostitutas ouvidas pela reportagem citam também estrelas do cinema, mas não dão nomes.

Sem dúvida, uma bomba. Ainda mais quando a polícia associa os jogadores a uma boate de luxo, chamada Gold Club, em Atlanta, suspeita de ser dirigida por uma das maiores organizações criminosas dos EUA, a família Gambino. Para deixar claro: um dos altos comandos da máfia de Nova York.

Não é de hoje que se suspeita de relações esportivas com o mundo do crime. E não é preciso ir longe. Basta olhar para Brasília, onde as CPIs do Senado e da Câmara investigam o enriquecimento dos grandes dirigentes do futebol brasileiro, desvio de dinheiro para contas em paraísos fiscais, caixa 2 na venda e pagamento de jogadores. Ou seja, o que está sendo apurado na NBA não é nenhuma surpresa.

Que os astros do basquete americano voltem às manchetes sensacionalistas, então, nada mais normal. Orgias sexuais são comuns na NBA. Quando revelou que era portador do vírus da Aids, o grande Magic Johnson foi sincero: contou que, antes de se casar, mantinha relações sexuais com centenas de mulheres. A cada cidade onde o Lakers jogava, uma experiência diferente. E ele atribuiu a isso o contágio do HIV.

Outro exemplo recente foi o do saudoso Wilt Chamberlain. Ele revelou que, por suas contas, teria transado com mais de 15 mil mulheres em sua monstruosa carreira na liga. O próprio Patrick Ewing, envolvido neste novo escândalo, acabou com seu casamento ao se engraçar com uma cheeleader, na época em que jogava no New York Knicks. Só para constar, time da terra dos Gambinos.

Não bastasse o lado policial e sexual, a NBA também se envolveu nos últimos dias com um mentiroso. Foi o que ocorreu com o técnico Pat Riley, ao negar, de pés juntos, que não pretendia utilizar o pivô Alonzo Mourning ainda nesta temporada. Pois no mesmo dia em que a declaração do treinador era publicada, Zo estava na quadra. Só não surpreendeu os jornalistas de Miami, que desmascararam mais um pinóquio. É essa a máfia do esporte: mentiras, crimes, sexo, drogas e rock'n roll (no intervalo dos jogos).

 

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