Os anos nos ajudam a crescer. Dizem os pensadores que o tempo faz esquecer
as dores, extingue as vinganças, apazigua a cólera e reprime o ódio:
então, o passado é como se não tivesse jamais existido. Acredite, não
estou triste por ter assistido de perto a derrota brasileira em Quito. Só
acho necessário que o público torcedor do futebol brasileiro saiba de
pequenos detalhes sobre como vivem os adversários que venceram o futebol
do Brasil. É importante que você saiba , mais uma vez, que o futebol do
Brasil perdeu , respeitosamente, para ninguém.
O Equador tem pouco mais de 12 milhões de habitantes e o ultimo censo foi
feito em 1994. Ninguém sabe nada ao certo com relação aos números do país.
São 80% de pobres e as pessoas quase não têm perspectiva. Não há
empregos e todos os setores da administração pública estão falidos e
absolutamente ultrapassados. Sem poder, sem força, sem rosto, o país é
praticamente dirigido por outras nações.
Estados Unidos e Espanha dão migalhas e são vistos como grandes benfeitores. O Equador está quase invadido pelos narcotraficantes da Colômbia, o
exército é composto por indígenas (os jovens das aldeias quando completam
18 anos tentam um conforto maior nas forças armadas) e tudo que move o
país é velho, gasto pelo tempo, como os taxis Lada que cortam a cidade de
um lado para outro.
Filas de equatorianos preparam os documentos para "fugir" para a Espanha
que resolveu abraçar aqueles que querem tentar a vida na Europa. O aeroporto de Quito, que mais parece uma estação rodoviária de uma discreta cidade do interior, é a rota de fuga de um povo sem esperança. Ganhar do futebol brasileiro foi uma dose de oxigênio. Ganhamos de um gigante, dizem os
equatorianos. Se pudemos ganhar do Brasil, podemos tudo, disse o entusiasmado presidente da Republica. Eufórico, ele comemora a vitória do seu frágil futebol diante do rica e mais badalada pratica esportiva brasileira.
Está muito claro: o futebol brasileiro não provoca medo em mais ninguém .
Está certo o indiozinho, vindo da montanha para vender artesanato na porta
do aeroporto, ao ver o jornalista: ih...ih...ih...brasileño...