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Juarez Soares
Quarta-feira, 11 Abril de 2001, 15h16
terraesportes@terra.com.br

Os bobocas corintianos


Basta um gesto, uma palavra, um momento, um segundo e tudo está mudado. A linha da vida, a trajetória, o destino, o conjunto de todos os detalhes, tudo está transformado. Tá tudo dominado, tá dominado. Por uma força maior, que a gente teima em não acreditar, mas está aí bem à nossa frente, ou do lado, nos envolvendo. Tudo isso para fazer um esforço e entender o que aconteceu com o Luizão do Corinthians.

Sem querer fazer drama, porque o simples confronto com a realidade por si só já tem um toque de dramaticidade. O jogador, no seu melhor momento, acertou um contrato com o futebol da Alemanha. Era a concretização de um sonho de todo ser humano, a chamada "independência financeira" que traz no seu bojo a liberdade do indivíduo, que segue na profissão, fazendo o que gosta, mas com o sabor, a consciência de que tudo que vier a depender da parte material está resolvido. No momento e para o futuro, para as próximas gerações.

Bem que o técnico Wanderley Luxemburgo na sua sabedoria empírica, adquirida na escola do sofrimento, avisou que Luizão não deveria jogar. Seria melhor para todo mundo. O técnico tirou o jogador de campo. O santo estava avisando. Aí vieram os cartolas, os dirigentes. Inseguros, amadores, uns bobocas. Inventaram uma tal apólice de seguro, para Luizão jogar. Com ela não haveria problemas. Agora vamos ver, o jogador sofreu um acidente de trabalho, vai deixar de jogar por nove meses, no mínimo, quase um ano. Onde está o tal seguro? Ele existe? De quanto é? Garante o futuro do jogador ou tudo era só conversa? O senhor Roque Citadini, que é ministro do Tribunal de Contas do Estado, agora tem que prestar contas, no tribunal da vida corinthiana. Ou tudo que falaram do tal seguro é verdade ou estarão todos desmoralizados, como fanfarrões e tagarelas.

Enquanto não é operado, Luizão aprende a mais dura lição de sua vida. Para falar só da parte material, o jogador ia ganhar 6 milhões de dólares na transferência. E agora? Agora, Luizão aprendeu que no futebol e na vida, tudo muda, se transforma. Basta um segundo. É tudo tão fugaz. Tudo pode ser só um sonho. Ou um pesadelo.

 

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