Basta um gesto, uma palavra, um momento, um segundo e tudo está mudado. A
linha da vida, a trajetória, o destino, o conjunto de todos os detalhes,
tudo está transformado. Tá tudo dominado, tá dominado. Por uma força maior,
que a gente teima em não acreditar, mas está aí bem à nossa frente, ou do
lado, nos envolvendo. Tudo isso para fazer um esforço e entender o que
aconteceu com o Luizão do Corinthians.
Sem querer fazer drama, porque o simples confronto com a realidade por si só já tem um toque de
dramaticidade. O jogador, no seu melhor momento, acertou um contrato com o
futebol da Alemanha. Era a concretização de um sonho de todo ser humano, a
chamada "independência financeira" que traz no seu bojo a liberdade do
indivíduo, que segue na profissão, fazendo o que gosta, mas com o sabor, a
consciência de que tudo que vier a depender da parte material está
resolvido. No momento e para o futuro, para as próximas gerações.
Bem que o técnico Wanderley Luxemburgo na sua sabedoria empírica, adquirida na escola
do sofrimento, avisou que Luizão não deveria jogar. Seria melhor para todo
mundo. O técnico tirou o jogador de campo. O santo estava avisando. Aí
vieram os cartolas, os dirigentes. Inseguros, amadores, uns bobocas.
Inventaram uma tal apólice de seguro, para Luizão jogar. Com ela não haveria
problemas. Agora vamos ver, o jogador sofreu um acidente de trabalho, vai
deixar de jogar por nove meses, no mínimo, quase um ano. Onde está o tal
seguro? Ele existe? De quanto é? Garante o futuro do jogador ou tudo era
só conversa? O senhor Roque Citadini, que é ministro do Tribunal de Contas
do Estado, agora tem que prestar contas, no tribunal da vida corinthiana. Ou
tudo que falaram do tal seguro é verdade ou estarão todos desmoralizados,
como fanfarrões e tagarelas.
Enquanto não é operado, Luizão aprende a mais
dura lição de sua vida. Para falar só da parte material, o jogador ia ganhar
6 milhões de dólares na transferência. E agora? Agora, Luizão aprendeu que
no futebol e na vida, tudo muda, se transforma. Basta um segundo. É tudo tão
fugaz. Tudo pode ser só um sonho. Ou um pesadelo.