Em toda a história da NBA, nenhuma equipe conseguiu encerrar a
temporada com dois jogadores com média superior a 28 pontos por partida. A
uma semana do início dos playoffs, Shaquille O'Neal e Kobe Bryant podem
quebrar esse tabu.
Os dois foram, recentemente, eleitos por pesquisa virtual da ESPN como
a melhor dupla do momento na liga. Em, quadra, são realmente difíceis de
serem batidos. Não é à toa que são os atuais campeões da NBA. O duro é que
um não vai com a cara do outro.
A relação entre eles está cada vez mais difícil. E isso ficou claro na
partida da última quinta-feira, quando eles destruíram o Minnesota
Timberwolves. Eles mal se olharam dentro da quadra, apesar de jogarem com
profissionalismo, trocando bolas. Mas foi só.
Em quadra, nem mesmo um cumprimento ou agradecimento por uma
assistência bem feita. Nada. No banco, com a partida definida nos últimos
minutos, Kobe sentou numa ponta do banco e Shaq em outra. Uma briguinha que
não interessa a ninguém, muito menos ao Lakers.
Quando a crise pessoal entre eles estourou, no final do ano passado,
havia até uma tentativa de evitar que a situação chegasse ao ponto que
chegou. Eles trocavam tapinhas, pequenos agradecimentos após boas jogadas.
Hoje, isso desapareceu.
O que agravou o relacionamento foi o livro recém-lançado pelo pivô,
"Shaq Talks Back", algo como "O Troco", onde não poupa críticas ao
comportamento egoísta do companheiro. E ficou ainda mais evidente após a
série de quatro vitórias seguidas do Lakers fora de casa, sem Bryant, o que
ajudou a reforçar a tese de que o ala não faz muita falta ao time.
O que não é verdade. Shaquille O'Neal disputou três temporadas no
Lakers quando Bryant era reserva e fracassou. Só quando Kobe começou a ser
titular, o time faturou o título. E, agora, quando a equipe tenta a segunda
conquista seguida, mais uma vez o entrosamento entre eles será fundamental.
Pelos menos nos dois últimos jogos, Shaq e Kobe resolveram deixar as
diferenças de lado durante 48 minutos. E os resultados foram expressivos:
contra dois times classificados para os playoffs (Minnesota e Phoenix), o
Lakers venceu com folga, chegando a ter quase 30 pontos de vantagem, e
recuperando o instinto demolidor da temporada passada.
Em época de Páscoa, renasce assim uma dupla que, mais do que nunca, é
candidata ao título da NBA.
E aproveito para desejar a todos feliz Páscoa.