Que me desculpem os fãs de Allen Iverson e Tim Duncan, mas nenhum
jogador da NBA, hoje, é melhor do que Shaquille O'Neal. Ele tirou alguns
meses de férias no início da temporada, mas agora voltou a demonstrar o
instinto demolidor que o levou a todos os títulos a seu alcance na temporada
passada.
Azar do Portland, que em dois jogos na primeira rodada dos playoffs
pôde comprovar a força de Super Shaq. Ele não é apenas um pivô de
finalização. É intimidador, não apenas na defesa, mas principalmente no
ataque. Marcação dupla já não é mais suficiente. Três podem até atrapalhar.
Mas O'Neal está atingindo um nível antes inacreditável para um jogador tão
alto e forte.
Para completar, Shaq tem à sua disposição um gênio da estratégia, o
técnico Phil Jackson. Esta coluna já foi cética quanto à capacidade do
treinador, que antes vivia da fama de conviver e triunfar ao lado de Michael
Jordan. Hoje, porém, é preciso tirar o chapéu para ele.
Phil Jackson desmontou toda a estratégia do Portland. Trocas constantes
de bola na linha dos três pontos confundem toda a marcação. Com dois ou até
três defensores em cima de Shaquille O'Neal, sempre sobra alguém livre para
o arremesso. Foi assim com Derek Fisher no primeiro jogo da série, e com
Rick Fox no segundo.
Os coadjuvantes brilham à sombra de Shaq. Sem o super-pivô, nada dessa
estratégia seria possível. O'Neal está se especializando na arte das
assistências. Passes que deixam os companheiros em condições excelentes para
o arremesso ou mesmo para a infiltração no garrafão.
E como não bastasse, Shaq está se movimentando com extrema rapidez. O
grandalhão Arvydas Sabonis, com os joelhos desgastados, não tem a mínima
condição de acompanhar o astro do Lakers. Os outros jogadores do Portland,
um time fragmentado por crises internas, parecem não ter o menor sentido de
colaboração. O que permite a Shaquille reinar absoluto.
Não foi à toa que o Lakers abriu 20 pontos de vantagem no primeiro
jogo e chegou a 30 no segundo. Para piorar, o técnico Mike Dunleavy voltou a
comprovar sua fama de pateta. Ele está desprezando nesta série a única
jogada que o Lakers não consegue marcar: as penetrações de Rasheed Wallace.
Na quinta-feira, o ala-pivô raramente foi acionado na jogado homem-a-homem
contra Horace Grant ou Robert Horry.
Esse tipo de confronto foi decisivo no ano passado, na final da
Conferência Oeste. Wallace demoliu com A.C. Green. Mas quando o Portland
passou a variar jogadas com Scottie Pippen e Steve Smith, perdeu a série. É
exatamente o que está acontecendo agora.
O Portland tem a chance de diminuir o vexame com dois jogos em casa.
Precisa vencer para voltar a Los Angeles e tentar a virada histórica. Mas
diante de um Shaquille O'Neal soberbo, o Blazers poderia começar a testar
fórmulas para não passar pelo mesmo vexame no próximo campeonato.
Para segurar o Lakers e Shaq, só mesmo as torres gêmeas de San Antonio.
Tim Duncan e David Robinson são os únicos capazes de evitar o segundo título
consecutivo da equipe de Los Angeles.
E, se ainda há tempo, aqui vai um voto para o bi de Shaq na corrida
pelo prêmio de MVP.