A proibição de realizar jogos à noite, principalmente em estádios
abertos, como os de futebol, é apenas a ponta do iceberg de um grande
desastre que se desenha no esporte brasileiro. Os efeitos do apagão serão
devastadores em modalidades como o basquete e o vôlei, que dependem muito da energia elétrica.
Os ginásios poliesportivos são, em sua enorme maioria, cobertos. Raros
são os casos onde há placas que permitem a entrada de luz natural. Para
serem utilizados, é preciso ligar o interruptor. Sem isso, é melhor brincar
de cabra-cega.
Com o apagão, muitas federações estão sendo obrigadas a cancelar
jogos, principalmente nas categorias de base. Se isso acontece com os
chamados federados, imagine com os demais. Por exemplo: o racionamento de
20% de energia deve obrigar escolas e clubes a reduzirem a utilização das
quadras. Com isso, será impossível manter a prática esportiva.
A situação é bem mais drástica do que possa parecer. Milhares de
crianças, que hoje já encontram condições precárias para desenvolver a
prática esportiva, terão ainda mais problemas na era das trevas do governo
FHC. Se encontrar um ginásio para treinar já era complicado antes do apagão,
agora não será nem mais possível praticar no vídeo game.
As entidades esportivas, como a Confederação Brasileira de Basquete,
estão no momento olhando apenas as divisões de elite. Preocupam-se em
driblar a legislação ou providenciar geradores para ginásios, que certamente
jamais serão usados para um treino da categoria mirim, por exemplo.
O risco que se corre é deixar um vácuo em gerações futuras. Quantas
crianças deixarão de praticar esportes nos próximos meses/anos em razão do
racionamento, que ninguém sabe quanto tempo deve durar?
Estudo de especialistas revela que a economia com estádios de futebol
é insignificante diante das necessidades do racionamento. O que deve ser
levado em conta é: essa economia ínfima irá compensar a impossibilidade de
se praticar esporte, de se desenvolver atividades físicas? Ou seremos
obrigados a passar a viver de forma sedentária e, o que é pior, no escuro?