O ponto eletrônico usado por dois jogadores do
Corinthians - Mauricio e Ricardinho - que receberam
orientações de Wanderley Luxemburgo ocupou bom espaço na
mídia. Quase todo mundo contra a "deslealdade". Quem nos
acompanha sabe que respeito opiniões contrárias e tenho
repulsa por qualquer tipo de patrulhamento. Por exemplo,
sempre fui favorável à cassação dos dois senadores
envolvidos no episódio "Painel Eletrônico", mas
considerei um enorme absurdo a crucificação aplicada aos
que defenderam Arruda e ACM. O Brasil, além de todos os
seus imensos problemas, está revelando a cara de
uma "democracia" onde só vale opinião única.Voltando ao
caso do ponto eletrônico, quero dizer que achei ótima
idéia e espero que a Fifa avalie sua utilidade e o
aprove rapidamente.
Será muito bom para um treinador que tem o que dizer, um
profissional competente, aquele que enxerga taticamente
uma partida de futebol. O ponto eletrônico será usado
pelo treinador que observa os erros do seu time e
encontra buracos no jogo do adversário. Nenhum treinador
vai ensinar um jogador driblar ou chutar via equipamento
eletrônico. Apontará posicionamento errado, mandará
atacar, mandará defender...tudo aquilo que faz à beira
do campo e os jogadores não conseguem ouvir. Imagine um
treinador dando recados num estádio com milhares de
torcedores gritando. Parece um idiota falando alto e
apontado pra lá e pra cá...O ponto eletrônico acabará
com aquela mímica ineficaz.
Parece incrível, mas foram os próprios técnicos que não
aprovaram o tempo técnico , introduzido como experiência
pela FPF. Muitos treinadores não tinham o que dizer,
passavam vergonha diante dos jogadores que esperavam
soluções para seus problemas. Alguns , poucos, usavamos
dois minutos para arrumar o time, ajeitar o esquema e
ganhar a partida. A minoria competente perdeu um bom
instrumento pela pressão exercida pelos treinadores
incapazes.
Há um detalhe que pouca gente sabe: durante o intervalo
do jogo, o treinador tem apenas 3 ou 4 minutos para
acertar o time para o segundo tempo. O time demora
alguns minutos para chegar ao vestiário, o mesmo tempo
para voltar ao campo. Lá, alguns vão ao banheiro, outros
vão beber água...para o treinador não sobra quase tempo
para falar. Esse tempo escasso, num esporte que
apresenta-se como "tão" profissional, justifica ainda
mais a aprovação do ponto eletrônico. Claro, para quem
tem o que dizer...