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Wanderley Nogueira
Quarta-feira, 30 Maio de 2001, 14h30
terraesportes@terra.com.br

Mímica idiota


O ponto eletrônico usado por dois jogadores do Corinthians - Mauricio e Ricardinho - que receberam orientações de Wanderley Luxemburgo ocupou bom espaço na mídia. Quase todo mundo contra a "deslealdade". Quem nos acompanha sabe que respeito opiniões contrárias e tenho repulsa por qualquer tipo de patrulhamento. Por exemplo, sempre fui favorável à cassação dos dois senadores envolvidos no episódio "Painel Eletrônico", mas considerei um enorme absurdo a crucificação aplicada aos que defenderam Arruda e ACM. O Brasil, além de todos os seus imensos problemas, está revelando a cara de uma "democracia" onde só vale opinião única.Voltando ao caso do ponto eletrônico, quero dizer que achei ótima idéia e espero que a Fifa avalie sua utilidade e o aprove rapidamente.

Será muito bom para um treinador que tem o que dizer, um profissional competente, aquele que enxerga taticamente uma partida de futebol. O ponto eletrônico será usado pelo treinador que observa os erros do seu time e encontra buracos no jogo do adversário. Nenhum treinador vai ensinar um jogador driblar ou chutar via equipamento eletrônico. Apontará posicionamento errado, mandará atacar, mandará defender...tudo aquilo que faz à beira do campo e os jogadores não conseguem ouvir. Imagine um treinador dando recados num estádio com milhares de torcedores gritando. Parece um idiota falando alto e apontado pra lá e pra cá...O ponto eletrônico acabará com aquela mímica ineficaz.

Parece incrível, mas foram os próprios técnicos que não aprovaram o tempo técnico , introduzido como experiência pela FPF. Muitos treinadores não tinham o que dizer, passavam vergonha diante dos jogadores que esperavam soluções para seus problemas. Alguns , poucos, usavamos dois minutos para arrumar o time, ajeitar o esquema e ganhar a partida. A minoria competente perdeu um bom instrumento pela pressão exercida pelos treinadores incapazes.

Há um detalhe que pouca gente sabe: durante o intervalo do jogo, o treinador tem apenas 3 ou 4 minutos para acertar o time para o segundo tempo. O time demora alguns minutos para chegar ao vestiário, o mesmo tempo para voltar ao campo. Lá, alguns vão ao banheiro, outros vão beber água...para o treinador não sobra quase tempo para falar. Esse tempo escasso, num esporte que apresenta-se como "tão" profissional, justifica ainda mais a aprovação do ponto eletrônico. Claro, para quem tem o que dizer...

 

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