A Confederação Sul-Americana de Futebol anunciou
oficialmente que a Copa América será mesmo na Colômbia.
O país corria sério risco de perder o evento diante dos
graves problemas que enfrenta há muito tempo.A violência
impera nos quatro cantos da Colômbia. Os números são
assustadores e apontam entre outros dados macabros, mais
de 26 mil homicídios. Neste instante, existem 4 mil
seqüestrados em todo o território colombiano.
Há uma verdadeira batalha entre guerrilheiros - todos
vinculados aos grupos de narcotraficantes- e facções
paramilitares. Direita x esquerda . Todos os últimos
governos da Colômbia mostraram-se incapazes e
impotentes. O atual, liderado por Andrés Pastrana, tenta
vender uma imagem doce ao exterior, mas os fatos do
cotidiano desmentem as autoridades. Bombas, tiros e até
camponeses decapitados deixam trêmulos os colombianos.
Mas os prefeitos e o presidente da Colombia juraram aos
dirigentes das Confederações de futebol do continente
que "a segurança será plena e irrestrita". E eles
acreditaram! Ora, se essa garantia pudesse mesmo ser
oferecida, os colombianos não estariam vivendo num
verdadeiro estado de terror. O presidente da República
diz que seu governo já tomou todas as medidas para
assegurar a segurança das pessoas envolvidas na
competição.
Delegações, torcedores e jornalistas estarão seguros na
Colômbia, segundo Pastrana. Os jogadores não acreditam
nisso. Os torcedores nem irão e os jornalistas escalados
já começaram a aumentar o valor do seguro de vida.
A Colômbia é um país lindo e com pessoas simpáticas e
inteligentes. Há alguns dias, o jornal El Tiempo, o de
maior prestígio no país, apresentou um editorial com o
título "No a la Copa América". De forma racional, o texto
diz que é um absurdo o governo dizer que garante a
segurança dos estrangeiros. E os colombianos, pergunta
o jornal. A decisão do governo em bancar de todas as
maneiras a Copa América beira a irresponsabilidade.
Os dirigentes dos paises envolvidos não tiveram a
coragem de dizer o que falam pelos corredores. Nenhum
deles arriscou sugerir uma mudança de sede diante das
autoridades colombianos. Claro, poucos entre eles
viajarão para a Colômbia. O governo Pastrana não pensou
na Colômbia ao insistir em realizar a competição. Pensou
apenas na imagem, naquilo que os outros diriam diante de
uma desistência ou substituição. Boa parte da opinião
pública colombiana entende que se o governo pensasse
mesmo no melhor para o país deixaria para receber a
Copa América numa outra oportunidade. Agora, porém, só
resta acreditar no pacto entre guerrilheiros e
paramilitares...