Logo após a derrota na primeira partida da final, Shaquille O'Neal
definiu bem o que viria pela frente: "A partir de agora, estamos numa
verdadeira série decisiva". Sábio O'Neal! O que era para ser uma barbada
para o Lakers se transformou numa guerra.
A segunda partida da final não ficará marcada pela grande atuação de
Shaq ou de Kobe Bryant, que não só apareceu para jogar, como também para
brigar. O bate-boca com Allen Iverson promete transformar a decisão num
duelo particular entre os dois cestinhas egocêntricos. Por pouco eles não
saíram no tapa.
Mais do que o título, está em jogo quem é o melhor. Iverson marcou 48
pontos e conduziu o Philadelphia à vitória no primeiro jogo. No segundo, foi
foi a vez de Kobe mostrar serviço (31 pontos) e apagar a atuação medíocre do
início da série. Porém, Iverson é quem sai de Los Angeles moralmente
vitorioso. Afinal, tirou do Lakers a vantagem do mando de quadra e agora tem
a chance de decidir em casa.
Não foi à toa que Iverson ficou vários segundos aplaudindo a si mesmo,
antes de ir para o banco e comemorar a vitória. Não a do segundo jogo, que
foi do Lakers, mas a de ter mostrado que o Philadelphia não era uma barbada.
E muito menos que seria varrido, como sonhava o Lakers, até então imbatível
nos playoffs.
O basquete, ao contrário do que muita gente imagina, ainda é um jogo
com características essencialmente individuais. O conjunto prevalece, na
maioria das vezes, quando um time não tem um astro. Bem diferente do que
acontece nesta decisão. Iverson brilhou no primeiro jogo. Deu Philadelphia.
Kobe brilhou no segundo. Deu Lakers. Ou seja, a decisão está nas mãos deles.
Mesmo com toda a presença de Shaquille O'Neal (44 pontos no primeiro jogo,
28 no segundo).
E como o basquete tem mesmo grande dose de individualismo, tem também
de provocações. E aqui entra novamente o duelo pessoal de Iverson e Bryant,
que promete monopolizar os próximos jogos.
O 76ers tem, teoricamente, o título nas mãos. Os próximos três jogos
serão na Philadelphia. Basta ganhá-los. Algo que o time não sabe fazer:
vencer jogos consecutivos em casa. Nas três séries de playoffs desta
temporada, o Philadelphia perdeu sempre uma partida em casa, para Indiana,
depois Toronto, e depois Milwaukee. Além disso, Phil Jackson, em duas
temporadas, jamais perdeu três jogos consecutivos à frente do Lakers.
Outro detalhe importante nesta decisão tem sido a supremacia do
técnico Larry Brown sobre Jackson. O sistema defensivo do Philadelphia é um
pesadelo para o Lakers. Principalmente quando exerce pressão na saída de
bola. Ou seja: não faltará daqui para frente lenha na fogueira de vaidades
entre Brown e Jackson. E muito menos entre Bryant e Iverson.