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Fernando Santos
Sábado, 09 Junho de 2001, 07h51
terraesportes@terra.com.br

Pegou fogo


Logo após a derrota na primeira partida da final, Shaquille O'Neal definiu bem o que viria pela frente: "A partir de agora, estamos numa verdadeira série decisiva". Sábio O'Neal! O que era para ser uma barbada para o Lakers se transformou numa guerra.

A segunda partida da final não ficará marcada pela grande atuação de Shaq ou de Kobe Bryant, que não só apareceu para jogar, como também para brigar. O bate-boca com Allen Iverson promete transformar a decisão num duelo particular entre os dois cestinhas egocêntricos. Por pouco eles não saíram no tapa.

Mais do que o título, está em jogo quem é o melhor. Iverson marcou 48 pontos e conduziu o Philadelphia à vitória no primeiro jogo. No segundo, foi foi a vez de Kobe mostrar serviço (31 pontos) e apagar a atuação medíocre do início da série. Porém, Iverson é quem sai de Los Angeles moralmente vitorioso. Afinal, tirou do Lakers a vantagem do mando de quadra e agora tem a chance de decidir em casa.

Não foi à toa que Iverson ficou vários segundos aplaudindo a si mesmo, antes de ir para o banco e comemorar a vitória. Não a do segundo jogo, que foi do Lakers, mas a de ter mostrado que o Philadelphia não era uma barbada. E muito menos que seria varrido, como sonhava o Lakers, até então imbatível nos playoffs.

O basquete, ao contrário do que muita gente imagina, ainda é um jogo com características essencialmente individuais. O conjunto prevalece, na maioria das vezes, quando um time não tem um astro. Bem diferente do que acontece nesta decisão. Iverson brilhou no primeiro jogo. Deu Philadelphia. Kobe brilhou no segundo. Deu Lakers. Ou seja, a decisão está nas mãos deles. Mesmo com toda a presença de Shaquille O'Neal (44 pontos no primeiro jogo, 28 no segundo).

E como o basquete tem mesmo grande dose de individualismo, tem também de provocações. E aqui entra novamente o duelo pessoal de Iverson e Bryant, que promete monopolizar os próximos jogos.

O 76ers tem, teoricamente, o título nas mãos. Os próximos três jogos serão na Philadelphia. Basta ganhá-los. Algo que o time não sabe fazer: vencer jogos consecutivos em casa. Nas três séries de playoffs desta temporada, o Philadelphia perdeu sempre uma partida em casa, para Indiana, depois Toronto, e depois Milwaukee. Além disso, Phil Jackson, em duas temporadas, jamais perdeu três jogos consecutivos à frente do Lakers.

Outro detalhe importante nesta decisão tem sido a supremacia do técnico Larry Brown sobre Jackson. O sistema defensivo do Philadelphia é um pesadelo para o Lakers. Principalmente quando exerce pressão na saída de bola. Ou seja: não faltará daqui para frente lenha na fogueira de vaidades entre Brown e Jackson. E muito menos entre Bryant e Iverson.

 

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