Há muito tempo procuro um termo para definir as pessoas que se aproveitam do futebol. Os que roubam resultados, votos, dinheiro, verdades. Os que esparramaram a lama por onde desfilam os regimentos imorais, as hordas dos desonestos que fizeram a festa, as orgias administrativas que se estabeleceram e transformaram o mundo do futebol.
Além de se tornarem milionários, ainda desfilam arrogância no rádio, nos jornais, na televisão. São os que apostam no dinheiro fácil, na impunidade, doa a quem doer. O que interessa é o lucro a qualquer preço, o resto que se dane. Se o poeta Augusto dos Anjos escrevesse sobre futebol, certamente, na quase onipotência dos seus versos, traçaria um comentário macabro sobre os homens que mandam no nosso futebol.
Hoje, tive a prova de tudo isso. Daí a revolta, o inconformismo, o sentimento de impotência para mudar as coisas. Acompanhei pela televisão a última reunião da CPI da Nike, na Câmara dos Deputados. O relatório final do deputado Silvio Torres, que incriminava 33 pessoas, foi rejeitado.
Nos últimos dias, houve uma luta infernal que envolveu prestígio, pressão política, dinheiro, o diabo a quatro, para salvar os acusados, principalmente o senhor Ricardo Teixeira. Ao todo, são 25 votos na Comissão; pois não é que "a bancada da bola", ou melhor, "a cambada da bola", conseguiu reverter o quadro tentando apresentar um novo relatório aprovado pela maioria de 18 votos?
O presidente da CPI, Aldo Rebelo, não se conformou. Não aceitou o novo relatório. Encerrou a reunião. Houve gritaria, desaforos, desligaram os microfones. A baixaria ficou nos gestos, sem fala, sem voz. Aliás, nem precisava. Antes do fim, num ato de desespero, o presidente da CPI bateu boca com José Lourenço e explodiu: "O senhor é um verme!" Obrigado, deputado Rebelo. Esse era o termo que eu tanto busquei e não encontrava.