Pelo menos 250 mil pessoas tiveram uma segunda-feira feliz. Afinal, elas ouviram mais uma promessa de
Shaquille O'Neal. Ao abrir o desfile nas ruas de Los
Angeles, Shaq se comprometeu a conquistar o
tricampeonato da NBA no próximo ano. E se ele disse, é
bom levar a sério. No ano passado, após ganhar seu
primeiro anel de campeão, a promessa do bi também foi
feita. E cumprida.
Com a melhor campanha de toda a história dos
playoffs (apenas uma derrota em 16 jogos), é possível
imaginar uma equipe capaz de impedir o tri? Essa é a
pergunta que se faz após as quatro vitórias seguidas
sobre o Philadelphia 76ers na série final.
O Lakers enfrentou os maiores adversários
possíveis. Arrasou a todos. Ninguém conseguiu parar a
dupla Shaq e Kobe. Muito menos foram capazes de
desvendar o segredo dos triângulos. Afinal, se um dos
dois gigantes era marcado, sobrava sempre alguém livre
para dar o golpe fatal, geralmente da linha dos três
pontos. O Philadelphia conhece muito bem essa
estratégia, que permitiu dar brilho a coadjuvantes como
Robert Horry, Derek Fisher, Rick Fox e Brian Shaw nas
finais.
Então, como parar o Lakers? Acho que, na condição
atual das equipes da liga, só é possível com uma
seleção. E com um pouco de sorte.
Minha sugestão para deter o Lakers é escalar um
armador ágil, que saiba distribuir a bola e arremessar:
Nick Van Excel. Dois alas com pontaria afiada: Allen
Iverson e Ray Allen. Não poderiam faltar dois gigantes
no garrafão. Depois do vexame de Dikembe Mutombo, o
único capaz de deter Shaq seria Alonzo Mourning, mas em
plena forma. Para ajudá-lo, Chris Webber (que não deu
conta da marcação pelo Sacramento, mas é muito útil no
ataque).
Essa seleção anti-Lakers também precisa de um bom
banco. A começar por Vince Carter. Chamaria também Gary
Payton, afinal o veterano armador do Seattle venceu as
quatro partidas disputadas contra o Lakers na temporada.
Lattrell Sprewell também iria ajudar bastante. Para
treinar a legião anti-tri, Pat Riley.
Existe um outro fator que pode contribuir para
quebrar a dinastia: é o fator MJ. Se Michael Jordan se
recuperar da fratura nas costelas e decidir voltar, será
com certeza um grande desafio para o Lakers. Mas Jordan
sozinho não poderá impedir o tri. Precisará de ajuda. E
não bastará a colaboração de veteranos como Charles
Barkley e Hakeen Olajuwon. Ele terá de ter uma equipe
forte.
Jordan e Webber, juntos, já poderia ser um bom
começo. Nos últimos meses eram fortes os comentários de
que o ala-pivô do Sacramento, com o contrato encerrado,
estaria disposto a cruzar os EUA e parar na capital.
Mesmo assim o Wizards ainda precisará de mais reforços.
O Lakers também pode perder para si mesmo. E
isso não significa novas brigas entre Shaq e Kobe que,
como visto, só motivaram a equipe este ano. O time de
Los Angeles tem uma folha salarial apertadíssima. Não
pode fazer grandes contratações. O grande perigo é
perder algumas peças-chaves, difíceis de serem repostas.
Ou seja: uma mudança na estrutura ao redor de suas duas
estrelas, que possa quebrar o ritmo mágico dos
triângulos. Algo que, até o momento, não se admite.
Há ainda a possibilidade de Phil Jackson romper
o contrato. É bom lembrar que sem a orientação do
treinador zen, Shaq e Kobe não conquistaram nada.
Jackson tem mais três anos de contrato. O New York Post
divulgou que o New York Knicks estaria disposto a fazer
uma proposta irrecusável. Ele já respondeu que não tem o
menor interesse em sair.
Então, por enquanto, Shaquille O'Neal pode
prometer sem medo de não conseguir cumprir.