Hélio Rubens Garcia. Ninguém mais do que ele merece o título brasileiro
de basquete. Não pela sua competência e capacidade de dirigir uma equipe,
mais do que comprovada pelas cinco conquistas nacionais, um recorde. Mas
pelo caráter e comprometimento demonstrados nessa turbulenta passagem pelo
Vasco.
Sem ele, toda a festa do Maracanãzinho seria impossível. Hélio Rubens
segurou a maior barra de sua vitoriosa carreira, num time esfarrapado pela
administração caótica, que deixou os jogadores com os bolsos vazios.
Não seria surpresa alguma se o Vasco, às vésperas da decisão,
deflagrasse uma greve geral. Não com Hélio Rubens no comando. Mais do que um
contrato assinado, o técnico empenhou a sua palavra com os dirigentes
vascaínos. Esses, sim, deixaram de honrar os contratos do super e milionário
time que iniciou o campeonato.
Com os pagamentos atrasados, Hélio Rubens ainda teve de suportar a
perda de suas duas maiores estrelas, o ala Charles Byrd e o pivô José
Vargas. Era mais do que meio time. Mas o Vasco, com a união pregada pelo
treinador, soube se superar.
Hélio teve de sacar não o salário, mas uma outra e talentosa
habilidade: a de revelar jogadores. Ao apelar para os chamados pratas da
casa, ele conseguiu manter um ritmo suficiente para dar à equipe o
favoritismo nesta reta final.
Três vitórias seguidas não deixam margem a dúvidas, mesmo com três
jogos apertados, decididos em pequenos detalhes nos últimos instantes. Mais
experiente e com mais talentos, o Vasco soube se impor nos momentos
cruciais.
Daqui para frente, não se sabe o que será do Vasco. É provável que o
time se esfarele. Muitos jogadores não devem ficar, talvez nem o comandante.
Talvez seja um bom sinal: Hélio Rubens poderá dedicar mais tempo à seleção
brasileira, há muito esquecida e deixada de lado. O sucesso do Vasco é o que
se espera do treinador em sua dura missão de resgatar o brilho da camiseta
verde-amarela.
Mas os cinco títulos nacionais e a maneira nobre como conduziu a
crise vascaína já são suficientes para colocar Hélio Rubens ao lado de
outros grandes treinadores da história do esporte brasileiro, como Telê
Santana e Larry Passos. Salve, Hélio!!!!