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Juarez Soares
Sexta-feira, 22 Junho de 2001, 22h09
terraesportes@terra.com.br

Corintiano amador


Antigamente, no tempo em que eu era repórter de campo, sim, porque na época se chamava repórter de campo, os tempos eram outros. Bons tempos. O Santos era até campeão. Existia, nessa época, nos clubes e na Seleção, uma figura ímpar, denominada "Diretor de Futebol". Não era "Vice-Presidente de Futebol". Era, isto sim, o velho cartola, experiente, matreiro, que sabia como levar os jogadores dentro e, principalmente, fora do campo.

Na Seleção Brasileira campeã, Carlos Nascimento foi o exemplo dessa época. Depois dele veio Antonio do Passo, cartola também experiente e matreiro. Na época de ouro do Palmeiras, essa figura era encarnada pelo professor Ferruccio Sandoli, que sabia tudo e mais alguma coisa. Tanto assim, que mandou embora do Palmeiras o técnico paraguaio Fleitas Solich logo depois do nobre treinador ter conquistado um título de campeão paulista. Hoje, essa figura desapareceu.

Outro dia, o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, perguntou numa conversa informal com Eduardo José Farah, todo poderoso do futebol paulista, quem deveria ser o vice de futebol da CBF. Farah, de cima da sua sabedoria de um árabe de 70 anos, foi claro e objetivo: "Se a sua confederação é de futebol, você é que tem que dirigir".

Tudo isso para dizer que, ontem, conversei durante algum tempo com o diretor do Corinthians, Roque Citadini. Na sua vida particular, advogado, tem um emprego invejável: Ministro do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo. Suas atitudes, até agora, à frente do futebol do Corinthians, mostram um perfil mais de torcedor do que propriamente o de dirigente. Acho até que o senhor Citadini, para falar o que bem entende, deveria ser, isto sim, dirigente da Gaviões da Fiel. Tudo bem.

Acontece que na sua despedida do Corinthians, não sei se o jogador ou o pastor Müller, desfiou uma série de impropérios. Perguntei então ao diretor do Corinthians, o senhor Citadini, se ele não achava melhor dormir junto com os jogadores na concentração. Ele não soube responder. Perguntei então o que ele achava da atuação avassaladora dos Atletas de Cristo no mundo do futebol. Ele gaguejou e não disse coisa com coisa.

O senhor Citadini é até um bom moço, corintiano fanático que virou diretor. O mesmo exemplo de tantos outros dirigentes espalhados pelos clubes desse Brasil afora. É sempre a paixão pelo clube falando acima da razão que deveria ter o Diretor de Futebol. Esqueci de perguntar ao senhor Roque Citadini o que ele achava da acusação do jogador Müller, de que mulheres dormiram na concentração do Corinthians às vésperas da decisão contra o Grêmio. Será possível que a força feminina está agora decidindo até campeonato de futebol? Bem, deixa para lá.

 

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