Alan Denis Homsi
Eis o futebol medíocre que os técnicos estão implantando em nosso país. Desde o final da década de 80, vendo que o futebol espetáculo apresentado pelas Seleções de 82 e 86 não deram campeonatos mundiais, os “técnicos-professores” – seriam professores se ensinassem algo correto e não errado, como está se vendo com o não-resultado – resolveram, então, impor um novo modo de jogo, que não condiz com a habilidade nata dos jogadores brasileiros.
Este novo modo de se jogar futebol – que técnicos “espertalhões” tiraram da cartola – ao qual me refiro, é o chamado futebol de resultados. É utilizado não somente por técnicos dos profissionais, mas também - que é o pior – pelos das categorias mirim em diante. Na idade em que o garoto desenvolve suas qualidades, lá vem os treinadores “modernos” e o implanta no espírito do resultado. E o que acontece, acontece que aquele mesmo garoto se vê na obrigação de deixar de lado as canetas desconcertantes, as belas gaúchas, os balõezinhos, para incorporar-se só na meta de vencer, sem dar espetáculo.
A magia do futebol está no drible, e estes “técnicos-professores” – como se autodenominam – não podem tirá-lo. Estão tirando a alegria que o povo sente ao ver um drible de quebrar a coluna de qualquer zagueirão durão. O técnico ao perceber a qualidade que determinado jogador possui, devia mante-la e encaixa-la num futebol competitivo. Deste modo, teria o perfeito casamento da raça com a habilidade.
Não vemos, sequer, um técnico dizer algo a respeito de novas táticas que priorizem o ataque. O 4-4-2 está sempre predominando nas equipes, porque não inovar com novos esquemas ousados ? Hoje, vemos até quatro volantes num time só, antigamente isto era impensável, é um absurdo! Estes novos treinadores horrorosos estão assassinando o futebol brasileiro!
Nós, brasileiros amantes do futebol, não pedimos futebol-espetáculo, tampouco futebol-arte, queremos simplesmente futebol, o futebol bem jogado, porque isto que a seleção tenta jogar não é futebol; só vemos jogadores desmotivados, sem esquema tático, querendo fazer tudo sozinho, afobados, não acertam nem um mísero passe de dois metros. O jogador-cérebro não mais existe, os atuais meio-campistas mais parecem atacantes . Time bobo existe, sim . O que não existe mais é a superioridade de nossa Seleção em relação às outras. Ou melhor, viramos bobos também .
E os dirigentes, o que falar destes desinteressados em futebol, que só pensam em encher o bolso. Os dirigentes – são raros os que se salvam - , seja de qual entidade for, também são muito responsáveis pela destruição – que é a realidade – do futebol brasileiro. Nada entendem de futebol, porque se soubessem ao menos o mínimo, não deixariam os técnicos substituírem a habilidade pela marcação, e nada mais. E não só é tal mal que fizeram e continuam fazendo; a desorganização dos campeonatos está cada vez maior, sem falar na administração de seus clubes. A CBF e o Clube dos Treze brincam com o futebol brasileiro... O atual presidente do Vasco é o maior exemplo da canalhice dos cartolas.
O futebol de resultados não pode, nem deve ser extinto de uma hora para outra, senão presenciaríamos verdadeiros caos dentro de campo. A natureza com que construímos nosso belo currículo de títulos na Seleção, deve ser a mesma para reconstruir nosso querido popular futebol – se é que existem pessoas do meio mais interessadas na completa reorganização do futebol, do que com o futebol de negócios(outro fator prejudicador do futebol), que veio lado a lado com o futebol de resultados a culminar nesta falta de identidade que está presente em todos os gramados brasileiros.
PS : Não nos esqueçamos das arbitragens, que tem lá suas mutretas!
Alan Denis Homsi ,20 anos, estudante de jornalismo da Faculdade da Cidade no Rio de Janeiro