Alguma coisa me diz que esta terça-feira vai mudar a história do futebol brasileiro. Afinal, estarão reunidos no Rio de Janeiro, Fabio Koff, Eduardo José Farah, Ricardo Teixeira, João Havelange e o ministro dos esportes Carlos Melles, além de Pelé.
Pela terceira vez, figuras de proa se juntam e aceitam ou convidam Eduardo Farah para se sentar à mesma mesa.
Assim entendo que a reunião não será apenas para anunciar o novo calendário. Isso será feito, mas quem prestar atenção perceberá que vai haver uma divisão de poder no futebol do nosso país.
A televisão que paga caro e religiosamente os direitos de transmissão terá, enfim, o seu calendário por quatro anos. A TV poderá, então, planejar suas vendas, um extraordinário pacote comercial, que lhe dará notável lucro.
Aí, começa a engenharia para se repartir a outra fatia do bolo que poderia ser mais ou menos assim: Ricardo Teixeira teria um enterro de primeira, perderia força política, e seria investido no cargo e coberto pelo manto de rainha da Inglaterra. Reinaria sem poder, terminaria o seu mandato sem processos, mas no umbral dos esquecidos. O futebol poderia ter, a partir de então, uma divisão com duas ligas ou qualquer outro nome que se queira dar. Rio Grande do Sul e São Paulo estariam na cabeça dessas divisões, todos os torneios disputados estarão interligados sempre valendo classificação para a disputa de títulos e prêmios.
Pelé ficará contente porque poderá dizer que ajudou na reorganização do futebol brasileiro. João Havelange, do alto de sua pose oceânica, vai bater palmas. Haverá apenas um ingrediente político. O ministro Carlos Melles vai querer colocar um representante seu nesse organograma. E então, na quarta-feira, quem gosta do esporte acordará feliz, achando que tudo vai melhorar porque temos enfim um calendário. Viva o país do futebol!