Ouvi atentamente uma conversa exclusiva do oficial de imprensa da FIFA, jornalista Ricardo Setyon. Ele participa do congresso mundial da entidade em Buenos Aires. O jornalista afirmou que em todas as rodas de conversa, antes e depois das reuniões, o assunto é um só: nenhum dirigente internacional entende como a Seleção Brasileira está jogando tão mal.
Todos ficam espantados com a decadência do nosso futebol a tal ponto de Michel Platini, o ex-craque da França e hoje um dos vice-presidentes da entidade que dirige o futebol, ter afirmado que uma Copa do Mundo sem o Brasil não é mesma coisa. Isto significa que, para alguns dirigentes, não será novidade se a nossa seleção ficar de fora da competição.
Se a Seleção nacional for excluída da Copa, teremos um panorama nunca vivido e jamais esperado por qualquer torcedor. Não é só o sentimento pelo futebol de forma pura e simples. É que o envolvimento financeiro é enorme e se a principal atração não subir ao palco a platéia vai reclamar.
A atual situação caótica do futebol brasileiro dentro e fora do campo nos obriga a uma reflexão imediata: a incrível defasagem que existe entre os técnicos brasileiros e os que trabalham na Europa, na África ou até em outros países sul-americanos.
Os treinadores patrícios empacaram, patinaram, não evoluíram. A tática empregada no Brasil é sempre a mesma. Um copia o outro, o que resulta num manjado 4-4-2. Vez em quando, alguns técnicos mais moderninhos tentam variar para um 3-5-2, que jamais deu certo em nossas competições.
Se os jogadores brasileiros continuam sendo superdotados tecnicamente, possuindo rara habilidade, onde fica a responsabilidade pelo mau futebol praticado atualmente? É por isso que todo o torcedor brasileiro guarda uma paixão pela Seleção de 70 no México.
Dirão os insensatos defensores do óbvio que o futebol era diferente. Sim, mas era diferente para todo mundo. Esta é a razão pela qual o Brasil relembra com carinho e saudade da Seleção de 82 na Espanha e tem até hoje respeito e admiração por Telê Santana. Foi assim recentemente com o time do São Caetano que encantou a todos.
Enfim, é possível jogar um futebol bonito no ataque que dá exibição e ganha títulos. Quando os títulos por motivos fortuitos não são conquistados, resta a admiração, o aplauso e o respeito. Parece que os atuais treinadores brasileiros não conseguem enxergar o futebol além das fronteiras do próprio Estado onde atuam. Eles contrariam a história e a tradição do nosso futebol e pagam caro por esse desrespeito.