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Wanderley Nogueira
Terça-feira, 17 Julho de 2001, 17h01
terraesportes@terra.com.br

A família que mama


Todos estão lembrados dos constrangimentos que alguns familiares de Ronaldinho provocaram ao jogador na Copa do Mundo realizada na França. Não deram sossego para o atacante. Qualquer coisa era motivo para telefonarem para o atleta. Reclamavam de tudo, da falta de ingressos a lâmpadas queimadas. Claro, Ronaldinho pagava todas as contas. Sei que isso é assunto pessoal, mas seria muito bom que alguns familiares de jogadores deixassem de ter como profissão "parente de jogador".

Vou contar uma historinha de um jogador (de seleção) que sustenta a família inteira. Ninguém trabalha. E agregados foram chegando, de ambos os sexos. O moço paga tudo. A família inteira faz desaforo com o dinheiro que o jogador luta para ganhar. Na Europa. Compram casas como se estivessem trocando de roupa. Mesmo sem utilizá-las. Aumentam mensalmente as despesas. Tudo saindo de um caixa sem fim.

O atleta tem sido alertado, avisado sobre os perigos de se jogar dinheiro pela janela, mas prefere nao atritar com a família. Recentemente duas mulheres da família resolveram comprar uma bolsa de grife famosa. Viajaram de uma cidade para outra, de avião e ficaram três dias na cidade-destino procurando a tal bolsa até encontra-la. Claro que a bolsa ficou caríssima... a chamada ostentação absurda.

O exagero chegou ao ponto de ao visitar um amigo no Rio, familiares do jogador decidiram comprar um apartamento no mesmo condomínio por quase dois milhões de reais. Foram lembrados que seria uma loucura gastar tanto dinheiro com um imóvel que não seria utilizado com freqüência. Resultado: viraram a cara para quem ousou alertar para o desperdício.

Ha exceções, claro, mas a maioria da parentada é folgada demais. Um dia fui fazer uma entrevista com um jogador que atuava na Europa. Ele morava num mini castelo. Lindo. Entrei na enorme sala e encontrei os irmãos e vários amigos do atleta , deitados na sala e ouvindo lambadas. Todos por conta do dono da casa. Trabalhar? Nem pensar. Imagine, leitor...vários rapazes vivendo na Europa e sem um pagando a conta. Tempos depois soube que o jogador quase perdeu tudo o que tinha. Ficou apenas com um apartamento.

Sorte do atleta que ganha muito dinheiro e tem uma família parceira, amiga, distante da exploração. Claro que o bem de vida da família deve ajudar os parentes mais carentes, mas daí a ficarem mamando na teta a vida inteira, vai uma larga diferença.

 

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