Sinto honestidade e competência no trabalho de Luiz
Felipe Scolari e seu grupo. São pessoas
simples, distantes de qualquer sintoma de arrogância. Os
jogadores que estão na Copa América estão envolvidos
pelo realismo que é necessário atualmente no futebol
brasileiro. Sabem dos seus limites, reconhecem que não é
o instante de vôos mais altos. É como se estivéssemos
começando do zero. Acho mesmo que as coisas vão melhorar
cada vez mais dentro do campo. Felipão e seu grupo de
trabalho merecem a confiança do torcedor.
Infelizmente, não posso dizer o mesmo das outras áreas
da Seleção Brasileira. A assessoria de imprensa da CBF,
por exemplo, é amadora, ociosa, incompetente e pouco
confiável. Atua apenas para complicar o trabalho dos
jornalistas que acompanham a Seleção. Impede
entrevistas, quebra acordos, privilegia alguns, cria
regras especiais para outros. Dá informações exclusivas
aos aliados do comando da CBF. Até, em alguns
momentos, facilita contatos com a Seleção. Desde que o
entrevistador esteja no rol dos subservientes. Em
inúmeros momentos exerce a função de censora e é comum
ameaçar com "vou vetar a entrevista....". A falta de
respeito é integral.
Felizmente, a grande maioria dos jornalistas não se
curvou diante dos assessores de imprensa da Seleção.
Jornalistas que pelo celular tem contato direto com a
diretoria da CBF são os preferidos. Diria até que,
de certa forma, também integram a assessoria da
entidade. Infiltrados, são os olhos e ouvidos da
presidência da CBF. É complicado receber qualquer
informação, por mais simples que seja. Até os
deslocamentos da Seleção não são informados com
facilidade e os jornalistas só descobrem o
ridículo "furo" por captarem algo estranho no ar. Até
mesmo a rápida escapada da Seleção ao shopping de Cali
foi informada somente para alguns. Cobrir a Seleção
é sentir permanentemente o temor de tomar
bolas nas costas...A assessoria de imprensa da CBF
trabalha para poucos "amigos da imprensa".
Os atuais assessores complicaram a vida de Wanderley
Luxemburgo, de Emerson Leão e agora estão tornando
desconfortável a vida de Luiz Felipe Scolari. Os
responsáveis pela comunicação da CBF não se preocupam
com equipamento de som nas entrevistas , não sabem
selecionar quem está ao vivo ou não, desconhecem
critérios óbvios de uma cobertura jornalística, ignoram
o que é agendar e programar entrevistas . A assessoria
de imprensa da CBF tem todas as características de uma
empresa de segurança privada.
A Ambev e a Nike devem estar arrepiadas diante do
amadorismo existente na relação Seleção/imprensa. Os
patrocinadores gastam milhões de dólares e capitalizam
quase nada no dia a dia. Ou será que pactuam com a
guerra criada pela assessoria de imprensa da CBF com os
jornalistas que acompanham os passos da Seleção? Não
creio. Aparentemente, porém, a imensa desorganização não
exclui nem quem paga a conta. Os representantes dos
patrocinadores ficam claramente constrangidos com a
falta de diálogo e organização entre jornalistas e
assessoria de imprensa da CBF. Quando um diretor de uma
emissora de televisão tentou explicar que a entrevista
previamente acertada deveria ocorrer no horário
estabelecido por motivos técnicos (falta de luz,
transmissão por satélite) ouviu com ironia a seguinte
frase: "isso é problema seu....". A insensibilidade e
irresponsabilidade não têm limites. Certamente, os
patrocinadores da Seleção já descobriram que na área de
comunicação essa não é a Seleção Brasileira. A Ambev e
a Nike estão patrocinando Samoa...
É extremamente importante que as associações regionais
de imprensa esportiva se posicionem a respeito da
verdadeira barreira imposta pelos "jornalistas"
contratados pela CBF.
É fundamental que a Associação Brasileira de Cronistas Esportivos desperte para a
situação. O assunto deve ser avaliado pelas entidades
nacionais de jornalistas profissionais. São dezenas de
jornalistas e suas empresas, prejudicados diariamente. A
coleta de informações está sendo obstruída. Será ordem de Ricardo Teixeira?