Três vitórias e a vaga praticamente assegurada para o Mundial de
Indianápolis. Não há surpresa, ao menos para essa coluna, a campanha do
Brasil na Copa América. A renovação, iniciada desde a primeira convocação,
já demonstrava que o processo estava no caminho certo. E os resultados
obtidos no torneio Super Four, de preparação, comprovaram a evolução da
equipe. O basquete masculino renasceu.
Estou muito à vontade para falar sobre a seleção. Esse espaço dedicou
elogios quando merecia, e também não poupou críticas quando necessário.
Críticas que, infelizmente, acabaram provocando um relacionamento pouco
amistoso com a comissão técnica da seleção, como o internauta pode
acompanhar nas colunas anteriores. Mas nada que fosse capaz de comprometer a
credibilidade neste grupo de jogadores.
A renovação era necessária e foi conduzida por um técnico competente.
Hélio Rubens está muito acima da média, mesmo quando ele acredita que está
muito além disso. Mas ele merece toda a confiança, como já foi registrado
aqui. Faltava-lhe um pouco mais de coragem para acreditar que realmente
poderia obter êxito. Quando, enfim, resolveu arriscar, os resultados
apareceram.
A seleção está descobrindo o seu futuro. Ele está nas mãos de
Marcelinho, Guilherme, Nenê, Ânderson. Há poucos meses, quem acreditava que
um grupo assim poderia reerguer o basquete brasileiro? Isso não significa
que a classificação para o Mundial irá solucionar todos os nossos problemas.
Isso seria um exagero. É apenas o primeiro passo de um processo que, a
partir de agora, precisa de uma atenção ainda maior.
Ganhar a Copa América está longe de ser o objetivo desta equipe. Se
conseguir, ótimo. Mas não é necessário criar tamanha expectativa. Esse grupo
já conquistou seu espaço. O que precisa agora é ganhar mais jogo, mais
experiência internacional. Isso não significa também que estaremos em
condições de disputar ao menos uma medalha no Mundial de Indianápolis. Não.
Mas estaremos em forma para brigar, e com vantagem, isso sim, por um lugar
na Olimpíada de Atenas-2004.
Para isso, os jogadores não podem se limitar a jogar contra as
grandes potências apenas pela seleção. O exemplo argentino deve ser seguido:
fazer com que os jogadores atuem cada vez mais no exterior. Não quero aqui
criar uma política de exportação em massa. Mas é evidente que, aqui, alguns
atletas já chegaram ao seu limite.
É o caso de Marcelinho, que tem tudo para se tornar um pequeno
fenômeno. Mas está preso a uma estrutura há muito viciada, que impede o seu
desenvolvimento. Algumas temporadas no basquete europeu, por exemplo, seriam
extremamente vantajosas a ele e, por tabela, à seleção brasileira.
É importante que a seleção tenha um projeto para manter esse
processo de renovação, e não achar que o trabalho já está encerrado com a
classificação para o Mundial. Ainda há muita coisa a fazer. Ao menos,
estamos no caminho certo. Basta manter o trem nos trilhos.