Há no Brasil, nos últimos tempos, uma campanha maciça de moralização em todos os setores do país: na política, no esporte, tudo enfim. Também o alvoroço verificado serve para mostrar que no país existe um bando considerável de ladrões. Fala-se centenas de vezes por dia em ética. Ao que aprendi, é o juízo que se faz a respeito da conduta humana para o bem ou para o mal. Parece simples. Deveria ser.
Outro dia, acompanhava uma entrevista pela TV. Um depoimento na Câmara, de um desses chefões do famigerado PCC. Sua lógica e a simplicidade das explicações foram estonteantes. "Criamos o PCC para manter um código de ética dentro das prisões". Explicava, que como a cadeia não recupera ninguém, e as leis não são cumpridas, eles, os condenados, criaram suas leis internas para acabar com os estupros, por exemplo, dentro das celas. Um deputado riu com deboche. Fiquei enojado. Está rindo de quê, cara pálida? Deveria ser da imunidade parlamentar.
Sigo o exemplo do dia-a-dia, comparando com ética no esporte. Está claro que todo mundo quer Ricardo Teixeira longe da CBF. Presidentes de clubes e federações não suportam nem respeitam mais o senhor Teixeira, hoje um dirigente desmoralizado. Só não dizem, não falam, obedecem à TV Globo, que lhes paga o direito de transmissão. São fingidos, não têm ética. Esta depende do valor do cheque emitido. No meio do lamaçal criado pelos dirigentes do futebol brasileiro, surge um exemplo vindo da ginástica olímpica: a russa Irina Karavaeva.
Pela primeira vez na história, uma ginasta devolveu sua medalha de ouro conquistada no mundial de Odense, na Dinamarca, realizado de 25 a 28 de julho. A campeã do trampolim acrobático admitiu que os juizes erraram a seu favor. Entregou a medalha para Ana Dogonadze, da Alemanha. Fico imaginando se no Brasil não vivemos em outro planeta.