Como esperado, o Brasil cumpriu seu objetivo na Copa América. Conseguiu
a classificação para o Mundial de 2002. Poderia ter sido menos dramática. O
que se espera agora é que todo o sofrimento na distante Neuquén sirva de
lição para Indianápolis.
1º) Não é possível continuar insistindo com Demétrius e Helinho. O
primeiro já deveria ter sido banido da seleção há muito tempo. Contra a
Argentina, ele conseguiu o empate, com uma cesta de três pontos. Uma cesta
Ave-Maria. Contra Porto Rico, perdi a conta de quantos ataques ele
desperdiçou. Cinco ou seis, pelo menos. Por pouco não comprometeu a vitória.
Demétrius é, no máximo, um razoável condutor de bola. Mas é péssimo
nas assistências. Ele sabe como ninguém perder a bola no ataque. Um
desastre. Helinho é menos pior. Pode ainda se tornar um bom reserva. Sua
grande desvantagem é a baixa estatura.
E quem poderia ser o novo armador? Valtinho, que ficou de fora das
últimas convocações, é uma opção. Mas há quem diga que existem razões
obscuras dentro da comissão técnica que explicam sua ausência da seleção.
Acabo de receber um e-mail do internauta Rodrigo da Rosa Souto, que
dá uma sugestão: o armador Guilherme da Luz, do Minas. "Considero o
Guilherme um ótimo jogador, e já que a seleção está em fase de renovação,
está mais do que na hora dele ganhar a sua chance na seleção adulta, pois
com toda a certeza ele tem mais jogo que o Helinho e o Demétrius", diz o
internauta. Não conheço esse jogador, mas fica aqui a sugestão.
2º) Está mais do que na hora de a seleção ter um padrão ofensivo. O
técnico Hélio Rubens exige muito da defesa brasileira, mas não demonstra o
mesmo empenho com o ataque. O que se viu na Copa América foi um ataque cada
um por si. Sem jogadas ensaiadas, nada de articulações para explorar o
potencial de arremessadores e dos pivôs. Assim, em cada partida, o Brasil
contou com o empenho individual de diferentes jogadores para chegar à
vitória. Foi assim com Marcelinho, Sandro Varejão e o pobre Helinho,
superando-se, para a alegria do pai-treinador.
3º) Além de investir mais no ataque, o Brasil precisa de uma formação
base. Num processo de renovação, é normal que o técnico Hélio Rubens faça
inúmeras experiências. Isso provocou um rodízio além do normal na equipe. Os
jogadores mal conseguiram ter um mínimo de entrosamento, o que refletiu na
falta de opções ofensivas. A definição de um quinteto regular pode dar mais
confiança e estrutura à equipe. Principalmente porque o Brasil não tem um
time de estrelas. Pelo contrário, é um time, no momento, de jogadores
médios, apesar do enorme potencial.
4º) A renovação já apresentou excelentes resultados. Os pivôs Nenê e
Ânderson são, sem dúvidas, promessas de um futuro brilhante. Há muito tempo
que o Brasil precisava de força no garrafão. Sem falar ainda em Sandro
Varejão, o irmão de Ânderson, que cresceu nos momentos importantes, como na
dramática vitória contra Porto Rico. A dupla de jovens pivôs, além do
experiente Sandro, pode ser a chave para o sucesso, aliada a jogadores que
sabem arremessar, como Marcelinho e Guilherme.
A classificação para o Mundial foi o primeiro passo no processo de
reconstrução do basquete masculino brasileiro. A caminhada, porém, ainda é
longa. Passa por Indianápolis, e tomara que chegue a Atenas.