O basquete brasileiro, com cestinhas como Oscar e Hortência,
desaprendeu a fazer cestas? Não sabe mais atacar? Porque é isso que se vê
principalmente na seleção masculina. Tudo bem que a equipe passa por um
processo de renovação. Mas, ao contrário do futebol, onde o 0 a 0 pode ser
um bom resultado, no basquete é fundamental fazer pontos.
Essa questão aflige não apenas a comissão técnica da seleção
brasileira (basta rever a decisão da Copa América). A falta de poder
ofensivo é a razão de uma interessante e polêmica mensagem que recebo do
internauta Nelson Campos. Ele defende a tese que o problema de hoje existe
devido a "fominhas" como Oscar e Hortência. Sua teoria merece ser
reproduzida na íntegra:
"O erro de hoje por não termos um bom time de basquete masculino
começou na era Oscar/ Marcel. Eles inventaram ataques de três pontos sem
nenhum critério de preparação para arremesso e arrastaram consigo inúmeros
jogadores da época (exemplo: Rogério)."
"O Oscar é simplesmente um arremessador e nunca foi um jogador de
basquete e nunca pode ser considerado uma referência ou um exemplo de
jogador (não marca, não passa e nem pega rebote e exige que o time jogue em
sua função, sem ter gabarito para isso)."
"O Marcel poderia ter sido um digno herdeiro do Wlamir, Amauri,
Mosquito, Rosa Branca, Pecente, Algodão (a melhor geração do basquete
brasileiro, sem dúvida nenhuma), mas entrou na loucura do Oscar e
desaprendeu como joga um bom basquete."
"A primeira coisa que a nova geração deve aprender é esquecer a geração
Oscar. O feminino é bom e só cresceu quando deixou de só jogar em função da
Hortência e descobriu que poderia ser um bom time
com Paula (tecnicamente a melhor jogadora do Brasil de todos os tempos),
Marta, Janeth e criou uma geração nova e rápida e que sabe que o basquete é
um esporte coletivo e não um jogo individual como pensa e joga o
Oscar."
Não conheço o internauta Nelson Campos, nem concordo com a sua tese.
Mas, como coloquei acima, não deixa de ser interessante. Não se pode negar a
enorme contribuição de Oscar e Hortência para o basquete brasileiro. Eles
têm defeitos? Claro que têm. Mas merecem como ninguém um par de estátuas em
local de honra.
Acho também um exagero culpá-los pela atual fase do basquete
brasileiro, principalmente o masculino. O problema, creio, é de falta de
talentos. Problema esse que começa a ser solucionado com a geração
vice-campeã da Copa América, um grupo jovem e com potencial. Mas que
necessita de uma urgente estruturação tática, ainda mais no ataque, o que
motivou essa nossa discussão.
A questão do ataque nos leva a uma outra questão: a necessidade de uma
mudança de armadores na seleção. Em colunas anteriores, foi questionada a
conduta dentro da quadra de Demétrius e Helinho. Muito se fala que Valtinho
é a solução. Foi feito então um comentário nessa coluna de que "razões
obscuras" estariam afastando o jogador da seleção. De pronto, recebo uma
outra mensagem, desta vez da assessoria de imprensa da Confederação
Brasileira de Basquete, que reproduzo abaixo:
"Caro Fernando Santos. Em relação a uma informação sobre o armador
Valtinho, publicada em sua
coluna de 24/08/2001, esclarecemos que o jogador foi um dos 27 chamados pelo
técnico Hélio Rubens para os treinamentos com a seleção e convocado para o
Torneio Internacional do México, mas infelizmente sentiu o tornozelo
direito e precisou fazer uma cirurgia, ficando fora das competições da
seleção, conforme divulgado em nossos releases."
Valtinho seria, então, a solução para a seleção? Ou o problema está em
nossas raízes históricas? O certo é que precisamos, logo, de uma resposta.