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Fernando Santos
Sábado, 01 Setembro de 2001, 15h26
terraesportes@terra.com.br

Janeth, a condessa


Ela não é a rainha, nem muito menos a princesa. Mesmo assim, encanta os EUA, com prêmios e mais prêmios. Mas aqui, no Brasil, o seu reconhecimento ainda está longe de uma Hortência ou de uma Paula. Por quê?

Não há dúvidas de que Janeth é a melhor jogadora brasileira, não apenas agora, mas pelo menos desde o Mundial de 1998. Ela participou das maiores conquistas do basquete feminino do país. As principais, como coadjuvante da dupla histórica. O que falta então para a definitiva consagração?

Janeth é uma grande jogadora, mas não é uma estrela. Falta a ela o carisma de Hortência, a postura de Paula. Janeth, ao contrário das duas, é mais completa: sabe armar, jogar como ala, até como pivô, se for preciso. Mas não encanta como Paula e Hortência.

Falta a Janeth o brilho de jogadoras excepcionais. Que ela é grande, ora, basta conferir a relação de prêmios da WNBA: eleita entre as cinco melhores da temporada, e premiada como a jogadora que mais evoluiu em relação ao campeonato do ano anterior. Sem contar os quatro títulos na mais importante competição nacional do planeta.

Mas ainda não é suficiente para roubar o título de princesa ou rainha. Se tivesse a oportunidade de armar uma última jogada, faltando cinco segundos no cronômetro, para quem você daria a bola? Eu não teria dúvidas: pela ordem, Hortência, Paula e Janeth.

Estar entre as três maiores jogadoras da história do Brasil já é uma honra e tanto para Janeth. O que acontece é que ela vive numa seleção diferente. Na época de Paula e Hortência, as duas eram soberanas. Mandavam na quadra. Era quase como que uma equipe de dupla, completada por mais três jogadoras.

Hoje, não. Janeth, sozinha, não é capaz de carregar um time nas costas. A seleção joga de uma maneira diferente, valoriza mais a coletivo. Talvez por isso Janeth não tenha espaço para ter um brilho tão nítido em suas atuações individuais. Ou será que, por não conseguir atingir esse nível, a seleção tenha que se empenhar mais no conjunto?

Falta ainda a Janeth uma parceira. Afinal, Hortência e Paula cresceram e reinaram juntas. Uma completava a outra. E quanto a Janeth, quem é sua parceira?

Então, confiro a Janeth o título de condessa do basquete brasileiro. Segundo o Dicionário Aurélio, conde é aquele que, na época do Sacro Império Romano Germânico, recebia, em seus territórios, "poderes imperiais". Ou seja, não chega a ser uma imperatriz, mas está muito perto.

 

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