Ela não é a rainha, nem muito menos a princesa. Mesmo assim, encanta os
EUA, com prêmios e mais prêmios. Mas aqui, no Brasil, o seu reconhecimento
ainda está longe de uma Hortência ou de uma Paula. Por quê?
Não há dúvidas de que Janeth é a melhor jogadora brasileira, não apenas
agora, mas pelo menos desde o Mundial de 1998. Ela participou das maiores
conquistas do basquete feminino do país. As principais, como coadjuvante da
dupla histórica. O que falta então para a definitiva consagração?
Janeth é uma grande jogadora, mas não é uma estrela. Falta a ela o
carisma de Hortência, a postura de Paula. Janeth, ao contrário das duas, é
mais completa: sabe armar, jogar como ala, até como pivô, se for preciso.
Mas não encanta como Paula e Hortência.
Falta a Janeth o brilho de jogadoras excepcionais. Que ela é grande,
ora, basta conferir a relação de prêmios da WNBA: eleita entre as cinco
melhores da temporada, e premiada como a jogadora que mais evoluiu em
relação ao campeonato do ano anterior. Sem contar os quatro títulos na mais
importante competição nacional do planeta.
Mas ainda não é suficiente para roubar o título de princesa ou
rainha. Se tivesse a oportunidade de armar uma última jogada, faltando cinco
segundos no cronômetro, para quem você daria a bola? Eu não teria dúvidas:
pela ordem, Hortência, Paula e Janeth.
Estar entre as três maiores jogadoras da história do Brasil já é uma
honra e tanto para Janeth. O que acontece é que ela vive numa seleção
diferente. Na época de Paula e Hortência, as duas eram soberanas. Mandavam
na quadra. Era quase como que uma equipe de dupla, completada por mais três
jogadoras.
Hoje, não. Janeth, sozinha, não é capaz de carregar um time nas
costas. A seleção joga de uma maneira diferente, valoriza mais a coletivo.
Talvez por isso Janeth não tenha espaço para ter um brilho tão nítido em
suas atuações individuais. Ou será que, por não conseguir atingir esse
nível, a seleção tenha que se empenhar mais no conjunto?
Falta ainda a Janeth uma parceira. Afinal, Hortência e Paula
cresceram e reinaram juntas. Uma completava a outra. E quanto a Janeth, quem
é sua parceira?
Então, confiro a Janeth o título de condessa do basquete
brasileiro. Segundo o Dicionário Aurélio, conde é aquele que, na época do
Sacro Império Romano Germânico, recebia, em seus territórios, "poderes
imperiais". Ou seja, não chega a ser uma imperatriz, mas está muito perto.