Há dois anos, considerava impossível uma equipe da NBA ser campeã com
um armador como Derek Fisher. Ele era um bom arremessador de três pontos,
mas cometia erros demais quando partia em direção à cesta. No meio dos pivôs
adversários, normalmente perdia a bola. E o jogo. E o crédito com a torcida.
Dois anos depois, orientado pelo mestre zen Phil Jackson, Derek Fisher
não só se tornou bicampeão da NBA, como um dos principais jogadores do Los
Angeles Lakers. Uma situação que pode muito bem servir de estímulo para a
dupla de armadores da seleção brasileira, Helinho e Demétrius.
Ainda acredito que, da maneira como estão atuando, a seleção precisa
mesmo de outros armadores. Eles não conseguem armar o ataque, possuem um
arremesso limitado e falta-lhes liderança. Talvez o que mais falte a eles
seja a orientação certa, exatamente como ocorreu com Derek Fisher.
Helinho e Demétrius têm uma boa reputação no basquete nacional. Entre
os nossos armadores, estão sem dúvida entre os melhores. O que não quer
dizer muito, em razão da baixa qualidade técnica. Mas eles podem aprender a
função de um bom armador. Mas para isso precisarão ter um Phil Jackson por
perto.
Já é possível detectar uma pequena evolução no desempenho dos dois
jogadores. Helinho foi o cestinha do Brasil em duas das três primeiras
partidas nos Jogos da Amizade. Na outra, o cestinha foi Demétrius. O que
também não quer dizer muito, em razão do sofrível nível técnico das equipes.
Mesmo os EUA estão atuando com um time de jovens jogadores da NBA.
Sem a pressão de um Sul-Americano classificatório para a Copa América,
e da própria Copa América, é provável que os dois jogadores estejam mais
relaxados. É provável também que tenham aprendido com os erros nas últimas
competições da seleção. Ou simplesmente é provável que estejam se destacando
em razão da fragilidade dos adversários.
A hipótese mais provável é que os dois tenham sentido o peso da
responsabilidade. Eles sabem que precisam rever suas atitudes na quadra.
Devem reconhecer suas limitações e a necessidade de melhorar. Sob o risco de
perderam o lugar na seleção, apesar da proteção que recebem do técnico Hélio
Rubens.
Não existe uma perseguição aos dois, como alguns internautas
escreveram em mensagens a esta coluna. O que se cobra é uma participação
eficiente na armação. Do contrário o processo evolutivo da seleção estará
restrito em razão da falta de comando na armação.
E como aconteceu com Derek Fisher, por que Helinho e Demétrius não
podem também aprender a jogar como verdadeiros armadores? É preciso um
esforço individual dos dois jogadores e de orientação adequada de quem os
dirige.