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Marcos Caetano
Quarta-feira, 12 Setembro de 2001, 12h34
terraesportes@terra.com.br

Terror em NY


O perfil de Nova York nunca mais foi o mesmo depois que os dirigentes do time de beisebol dos Brooklin Dodgers demoliram seu estádio e mudaram a equipe para Los Angeles.

As tragédias do esporte são assim: um time que se vai, uma Copa do Mundo perdida, o recorde não alcançado por uma fração de segundo ou por uns poucos centímetros, o gol anulado. O esporte é sempre mais sutil do que a vida concreta. Suas metáforas são sempre mais simples e delicadas. Seus seguidores, mesmo os mais fanáticos, são sempre mais cordiais e afetuosos.

Terça, o perfil da grande cidade americana foi violentado outra vez. Dessa vez não pelos românticos guindastes que puseram abaixo o campo dos sonhos dos imigrantes do bairro operário do Brooklin, mas pelo ataque imbecil de assassinos que dizem agir em nome de um deus deles, que supostamente é melhor que o deus das outras pessoas.

Os deuses do esporte não são assim. Os deuses do esporte são venerados igualmente por todas as pessoas. Eles paralisam guerras, como Pelé na África. Jamais as iniciam.

O esporte desconhece fronteiras e opiniões políticas. Na mesma Nova York, o ídolo maior do time que sucedeu os Dodgers no coração dos trabalhadores - os Yankees - atende pela alcunha de ''El Duque'' Hernandez. Ele veio de um país distante, fugindo de um regime político. Hernandez é cubano. E só mesmo a magia do esporte para fazer com que a maior ilha do capitalismo adote como herói um cidadão da última ilha comunista no mundo.

O esporte tem diferenças, claro. Mas as diferenças entre os esportistas são sempre baseadas no mérito individual - e não em conceitos de etnia, religião ou política. As diferenças são sempre visíveis, transparentes, mensuráveis, incontestáveis. E se as nações mais ricas têm um compreensível domínio em algumas modalidades, há sempre um Guga, um Garrincha ou um corredor do Quênia pronto para derrubar os preconceitos. Porque as diferenças do esporte não são eternas nem definitivas.

Enquanto as maiores batalhas do esporte forem travadas por brasileiros e argentinos, através de uma singela troca de votos na internet, ou por tricolores e rubro-negros nas arquibancadas do Maracanã, antes de irem beber juntos uma cervejinha no boteco da esquina, eu continuarei preferindo o esporte como a melhor síntese da aventura humana.

E é por isso que eu continuo a achar que o esporte - e só ele - conseguirá um dia fazer desse mundo tão louco um lugar para se viver em harmonia.

 

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