A onda de terrorismo nos EUA atingiu Franca.
Claro, em proporções e conseqüências muito menores. O
torcedor de basquete deve ter ficado também estarrecido
ao ver na TV o presidente do Franca Basquete afirmar que
o time está a ponto de acabar.
Como as Torres Gêmeas de Nova York, símbolos da
soberania econômica dos EUA, Franca é também um símbolo,
ícone do basquete brasileiro. Nenhum outro clube do país
tem a tradição e a fama da equipe do interior de São
Paulo. Mas está para ir ao chão, como o World Trade
Center.
Culpados? Bem, esse assunto já foi extensivamente
comentado. A estrutura do basquete nacional está falida
há anos. Esse modelo de clube+patrocinador não resiste
mais. Há pouco tempo, Rio Claro era também uma potência
do basquete. Hoje, talvez não tenham sobrado nem as
tabelas.
Em entrevista à TV Globo, José Ricardo Rodrigues,
presidente do Franca, disse, em tom aterrorizador, que
se não conseguir patrocínio, o time acaba. Ele está
apelando à indústria de calçados da cidade, aos
sapateiros e engraxates, a qualquer um que esteja
disposto a ajudar a equipe. Lançou uma campanha de sócio-
torcedor, que ainda não reuniu nem 10% do necessário
para bancar os custos da equipe.
Como a Manhatan devastada, Franca caminha para o
mesmo cenário. É claro que diante das declarações
desesperadoras do dirigente existe uma tentativa de
sensibilizar não só empresários, como dirigentes do
basquete. Se for depender de seus "colegas", então é
melhor preparar o obituário.
A classe diretiva do basquete está em estado de
hibernação. Veja o que acontece com o basquete feminino,
em situação tão ou muito mais dramática do que a de
Franca. Há semanas, surgiu a informação de que a
Confederação Brasileira estaria se associando à empresa
Pelé Sports & Marketing, acordo que ainda não foi
confirmado oficialmente. Seria essa a saída?
A certeza é que o modelo atual de gestão dos
clubes não pode continuar como está, de jeito nenhum. É
preciso a profissionalização em todos os níveis. Porque,
desta maneira, o sistema atual está se revelando como a
força terrorista do nosso basquete.