Acho que foi o ex-técnico e jogador de futebol
Francisco Sarno, já falecido, que escreveu um livro
chamado “Futebol, A Dança do Diabo”. Ao que me lembro,
contava lá agruras da vida de futebolista e treinador.
Principalmente de técnico.
O entra e sai incessante nos
clubes por esse Brasil afora. O profissional que hoje
está empregado pela manhã, à noite, por um erro do juiz,
uma falha do goleiro, um pênalti mal cobrado... E lá se vai
o emprego.
Como dizia um técnico português, Ondino
Vieira: “Na vitória o treinador é bestial, na derrota,
uma besta”.
Volto ao assunto porque acompanhei a
entrevista de Serginho Chulapa, chamando de “urubu” seu
desafeto Emerson Leão. Chulapa afirmou que Leão
telefonou para o Santos à procura de emprego enquanto
ele ainda estava no cargo. Disse que a prática é comum
entre esses profissionais. Um agourando o outro, na
boca, à espera da desgraça alheia.
Emerson Leão contra-atacou dizendo que jamais fez isso. Ao contrário, foi um
diretor do Santos que o procurou, sondando a
possibilidade de contratá-lo, fato que ele rejeitou de
imediato. “Ele é Leão, não urubu”, respondeu.
Este fato
tão atual envolvendo ex-jogadores da Seleção Brasileira
que disputaram Copa do Mundo mostra um lado pouco
conhecido dessa “Dança do Diabo”. No microcosmo do
futebol, quem é do ramo sabe que esse procedimento é
corriqueiro, um querendo o lugar do outro. No caso
específico, Leão criticou o baixo nível de Serginho e
elogiou Cabralzinho, de quem é muito amigo. Jogaram
juntos no Palmeiras, estudaram na mesma faculdade. Leão
é até padrinho de casamento do atual técnico santista.
Essa é apenas uma discussão que veio a público. Uma
pequena amostragem da luta entre essas cobras criadas e
com veneno que atuam no futebol brasileiro. Pobre
futebol brasileiro.