Brilhante, em todos os sentidos, a campanha da seleção brasileira feminina, bicampeã da Copa América. Mesmo com uma equipe sem algumas das principais jogadoras, o Brasil mostrou superação, um jogo de conjunto cada vez mais valorizado e comprovou seu status de potência internacional. Isso tudo seria motivo de enorme comemoração, se a situação das atletas e dos clubes não fosse tão trágica.
O que farão agora as heroínas do Maranhão? Uma rápida pesquisa revela que a grande maioria das atletas brasileiras está de malas prontas para o exterior. O site "O Point do Basquete Feminino" fala em pelo menos sete jogadoras que já estão de malas prontas. Motivo: não têm onde jogar aqui.
Segundo o "Point", Claudinha e Kátia vão para a Espanha; Cintia Tuiú, Alessandra e Adrianinha para a Itália; Mamá e Adriana Santos para a França. E quem não está de olho em Helen, a melhor jogadora da Copa América? Só na final, brilhou com fantásticos 36 pontos. É mais uma que não deve ficar por aqui.
Tudo isso, além da principal jogadora brasileira. Sem perspectiva, Janeth estuda duas opções: montar uma equipe ou pegar o caminho do aeroporto, desta vez para a Europa, destino de quase toda a seleção. É mesmo uma situação inusitada: o país bicampeão das Américas tem uma seleção que caminha para se tornar uma verdadeira legião estrangeira.
Apesar de títulos importantes (há menos de um ano o Brasil conquistava o bronze olímpico), os investidores estão cada vez mais distantes. Hortência, por exemplo, trocou o basquete pelos rodeios. O Vasco, em grave crise, reduziu seus investimentos e mal pôde conversar sobre a renovação de contrato de Janeth.
Surge então o rei Pelé, com sua empresa de marketing, no papel de salvador do basquete brasileiro. Não apenas o feminino, como também o masculino. A Confederação Brasileira de Basquete promete uma liga "forte", com até 14 equipes femininas, mas só em dois ou três anos. Até lá, o que farão as atuais jogadoras? Hoje, quantos clubes restaram? Quando começa o próximo campeonato?
É por isso que não há o quê comemorar. Devemos apenas agradecer o esforço dessas garotas que são verdadeiras heroínas.