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Juarez Soares
Quinta-feira, 20 Setembro de 2001, 23h08
terraesportes@terra.com.br

O retorno


Essa quinta-feira foi um dia especial para quem gosta de esporte. Acho que o Brasil inteiro se uniu, num só sentimento, torcendo pela volta feliz de Ronaldo aos campos de futebol. Afinal, há 17 meses ele não participava de uma competição profissional.

Imagino como deve ter batido descompassado o coração deste jovem de apenas 23 anos que já viveu emoções que muito atleta veterano jamais sentiu. O técnico argentino da Internazionale, Hector Cooper, é um sábio. Ele, melhor do que ninguém, sabe que Ronaldo ainda não tem plenas condições para disputar uma partida durante 90 minutos.

Se fosse possível usar o termo, o retorno de Ronaldo, embora numa competição oficial, foi mais “simbólico”, promocional. Ninguém esperava que o craque voltasse fazendo muitos gols, decidindo a partida. Todas as orações foram feitas para que o atacante nada sentisse, tanto assim que seu treinador depois da partida respirou aliviado.

Ronaldo entrou em campo aos 18 minutos do segundo tempo, um minuto depois já tocava na bola. Perdeu um gol ao receber um passe de Seedorf. O lance aconteceu sete minutos depois que Ronaldo estava jogando. Fico imaginando que, no atual estado deplorável do futebol brasileiro, muito cabeça de bagre que tenha atuado como um titular da Seleção chega a jogar quarenta e cinco minutos e não se digna sequer a perder um gol.

A atuação de Ronaldo deixou claro, para quem entende um mínimo de futebol, que ele ainda não tem condições de ser titular da Seleção Brasileira. Aliás, o atacante não tem condições, no momento, nem mesmo de ser titular do seu time, a Internazionale de Milão.

Agora, fica a esperança de que Luiz Felipe Scolari, técnico da Seleção Brasileira, tenha enxergado o que todo mundo viu. Convocar Ronaldo para a partida contra o Chile só pode ser uma demonstração de desequilíbrio e desespero. O bom senso exige que, primeiro, o artilheiro se sinta à vontade no seu clube. Quando readquirir sua forma física, quando de novo tiver confiança no imenso futebol que Deus lhe deu, aí sim seu retorno como titular da Seleção Brasileira será uma conseqüëncia natural.

Sua convocação para a partida contra o Chile poderá expor o jogador a uma situação constrangedora que ele não merece. É uma questão de respeito. Queira Deus que neste detalhe Felipão possa estar iluminado e não venha a cometer outro desatino dentre tantos que já cometeu desde que chegou à Seleção Brasileira.

 

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